segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Pontapé inicial

*Escrevi o texto abaixo para o Jornal "A Tribuna", na última sexta-feira. Aos que se interessarem...boa leitura e bom pontapé inicial

Devo dizer, antes de tudo, que estou entre aqueles que não consideram uma virada de ano algo tão decisivo assim. E nesses momentos em que escalamos um novo calendário, uma nova agenda para nos guiar, a semelhança com um pontapé inicial me pareceu pertinente.
De certa forma, é como se iniciássemos um novo jogo de um de um campeonato que anda rolando há alguns anos pra uns, e há muitas décadas para outros.

É fato que “neste país” – o Lula que me desculpe o plágio, mas ele melhor do ninguém sabe que nem mesmo dois mandatos são suficientes para realizar obras importantes, que dirá doze meses – as coisas demoram a engrenar, nada acontece antes do carnaval.
Nossa seleção principal que o diga, jogo pra valer só em junho, quando o time de Dunga recebe a Argentina, de Riquelme e Messi, no Mineirão, dias depois de ter ido até Assunção, enfrentar o Paraguai.
Antes disso terá feito um amistoso contra a Irlanda, em fevereiro, e um outro em março, que de tão importante, por enquanto, nem tem adversário definido.
Perceberam?Viram como um ano é pouca coisa? Nem mesmo as eliminatórias cabem nele.

Mas, as paixões, seguem sendo capazes de subverter essa nossa relação com o tempo. Vejamos o caso dos santistas, por exemplo. Os mais apaixonados, de tão sedentos por voltar a conquistar o título continental, precisariam pouco mais de seis meses para garantir uma alegria capaz de fazê-los jamais esquecer deste ano que acaba de começar.
Tivessem eles a taça da Libertadores nas mãos, talvez até aceitassem resumir 2008, a seis, sete meses, no máximo. Isso se fosse possível adiantar a final do Mundial Interclubes, porque ninguém é bobo.

Para os corintianos será diferente. Por mais que 2008 comece bem, os últimos seis meses é que terão importância singular. Haverá no ar uma apreensão muito parecida com a que, em geral, pertence ao vestibulando que almeja o curso superior. Sem insinuações, claro.
Seja como for, todos nós precisaremos bem mais de um ano para formatar nossas obras, nossas vidas, de maneira que, num futuro breve, este janeiro parecerá ainda mais com um pontapé inicial, em meio a tantos outros.

Ah! Gostaria de dizer também que como muitos da minha geração, e de outras gerações, aceitei desafios profissionais que exigiram viver em outros lugares. No entanto, passei os últimos dias com meu olhar curioso debruçado sobre a Baía de Santos. Contemplei o velho farol da Ponta da Praia, a Fortaleza da Barra, admirei a cordilheira da Serra emoldurando a paisagem, me juntei aos adeptos da caminhada à beira-mar, enfim, matei um pouco dessa saudade nesse pontapé inicial.

No mais, Caros Leitores, estamos aí, de volta pro jogo.

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