É só um devaneio. Mas, pense comigo,
talvez o grande poder que o futebol tem de nos seduzir resida justamente no fato
de que é totalmente inviável desvendá-lo . Em seu universo a palavra improvável
carrega dose singular de possibilidade. E aí se esconde nobre curtição. Todos
nós já provamos dela em maior ou menor escala. Ao mesmo tempo esse caos permite
todo tipo de esperança. Mesmo o Íbis e sua torcida que tiveram a genial sacada
de capitalizar em cima do infortúnio e fazer dele uma grande marca em segredo
absoluto devem alimentar no mais profundo rincão de suas mentes a esperança de
que um dia a eles seja dado o olimpo do ludopédio.
Minha gente se a essa altura
vocês estão olhando torto pra essa minha reflexão atentem para o Brasileirão
que estamos testemunhando. Um dos mantras do jogo, pobre mantra aliás, não tem
sido dizer que o futebol está nivelado? Não é assim que os entendidos costumam
elucidar o triunfo de um pequeno atolado na zona de rebaixamento contra um
grande candidatíssimo ao título? Que era uma vez o tempo dos esquadrões
imbatíveis. Ora, se é assim alguém poderia me explicar porque é que o Corinthians no
primeiro turno reinou com um aproveitamento pra lá dos oitenta por cento? Coisa
com a qual nem o mais ególatra dos treinadores seria capaz de sonhar. Mas essa é
só uma questão provocadora no meio de tantas.
E por falar em possibilidade não é
que, Kazim, o afro-inglês naturalizado turco (haja globalização), de longe
o mais contestado jogador do elenco corintiano, tratou de garantir uma página
pra ele na história do hepta brasileiro que o clube está acabando de escrever?
Com todo respeito ao atacante. Vejo-me obrigado a dizer que ao marcar contra o
Avaí prestou grande serviço. Nos fez lembrar que desde sempre o grosso foi um
patrimônio do futebol brasileiro. Alguém a quem, apesar dos pesares, também foi
dada a nobreza de enlouquecer a torcida.
Sugiro, com a melhor das intenções -
até pra que ele não entenda mal o que vai escrito aqui - marcar uma cerveja com
o velho Dadá Maravilha, que nunca negou sua veia torta, e que é de longe o
atacante que melhor conviveu com essa sombra que a ausência de uma técnica
refinada costuma projetar sobre um boleiro. Não deve ser por acaso que Kazim é
descrito pelos companheiros como um baita boa praça, o que sempre foi dito do
velho Dadá também. E mais, se o atacante corintiano tem
algum grilo com essa condição, dar de cara com aquele sorriso cativante e ouvir
do homem que pairava no ar qual beija-flor que não existe gol feio coisa e tal, pode lhe servir como terapia. E das boas!
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