Sempre ouvi dizer que não devemos voltar a um lugar onde fomos felizes. Não é
difícil entender a razão. E imagino que muitos que ousaram duvidar do dito se
encontram hoje arrependidos. Mas o futebol, pelo visto, faz pouco caso disso. E
os que o jogam também. No início desta semana li que o Santos não havia
desistido de Diego e Robinho. Mas manchetes, como se sabe, muitas vezes
desdenham da viabilidade da promessa que trazem consigo. E nesse caso mais
complicado do que isso é crer na boa intenção dos que deixaram que ela nascesse.
Afinal, depois de ter tido o coração maltratado nas últimas rodadas a notícia da
volta da vitoriosa dupla santista de outros tempos pode funcionar como um
remédio para as dores que os torcedores do time da Vila andam sentindo. E os
interessados na volta dos ídolos - ou simplesmente na manchete sobre - estão
cientes desse poder curativo.
Apostar em nomes que desfrutam de prestígio junto
à torcida é estratégia das mais utilizadas pelos nossos cartolas. E está longe
de ser uma exclusividade do time santista. Há um sem fim de exemplos nesse
sentido. Kaká é um deles. Desde que se desligou do Orlando City os jornais
sugerem quase que diariamente que num futuro breve o craque pode voltar ao
tricolor. A medida de verdade e de interesse que se esconde nessa possibilidade
é algo que nunca saberemos com exatidão. O que sinto, muitas vezes, é que a
insistência é tamanha que se o especulado não se concretiza é como se o
clube estivesse fechando as portas para um ídolo. E a questão não é essa todos
sabemos.
Talvez fosse o caso da torcida evitar amores platônicos para não se ver
à mercê de interesses outros. Mas por aqui parece que só não se sonha com
aqueles que viraram realmente estrelas de primeira grandeza, e que sabidamente
já não se sentiriam seduzidos pelo que o nosso futebol pode humildemente lhes
oferecer. Não que não se deva acreditar na identificação de um jogador com um
clube e sua torcida. Seria o fim do fim do romantismo, que um dia foi o
principal tempero do jogo de bola. Hernanes está aí com seu bom futebol, sua
vontade e sua dedicação para provar que é um caminho possível. Mas devemos
admitir que essa não é uma relação que se valide apenas com entrega. E os que
voltam deveriam ter sempre em mente, não o que vão ganhar, mas também tudo o que
têm a perder. São os que mais se arriscam ao fazer pouco do dito que diz que não
se deve voltar a um lugar em que se foi feliz.
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