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Photo Premium/ Folha Press |
O que dizer de um país em
que torcedores inconformados com uma derrota ou um rebaixamento derrubam parte
de um alambrado e colocam um time inteiro da primeira divisão pra correr?
Confesso que, às vezes, me pego surpreendido por cenas como as que foram vistas
no Moisés Lucarelli no último domingo não desaguarem numa tragédia de proporções
imensas. Afinal, os atos que provocaram tudo são de uma selvageria inconcebível. De uma inconsequência
terrível. E saber que ninguém pagará por colocar tantas vidas em risco é de
doer. Ver nas arquibancadas crianças com os olhos ardendo de gás pimenta é
triste demais.
A impunidade é como
um parasita que vai exaurindo nosso país. Fosse apenas o futebol sua vítima por certo
estaríamos bem melhores. Meio otimista, meio realista, vira e mexe me flagro
numa descrença monstruosa com o homem e o com o destino que ele vai dando ao
mundo. Essas delações, por exemplo. Vão me dando a impressão de que no fundo, no
fundo, feitas todas as contas, o crime por aqui compensa. Ora, ladrões não podem
ter em juízes algo que se pareça com um padre, um confessor. Diante do
qual assumem seus pecados para em seguida ouvir quanto devem pagar. Em espécie
ou penitência. Penitência muitas vezes breve como um punhado de
orações.
O que estamos vendo é uma
sociedade inteira se brutalizar. Não terá sido por acaso que a temporada do
nosso futebol, esta que vai chegando ao fim, se revelou farta de casos de
torcidas tentando intimidar não apenas jogadores, elencos inteiros. E assim, domingo após domingo, os mais
atentos vão percebendo que o jogo de bola é só uma janela que costuma se
abrir vez ou outra revelando o teatro absurdo que estamos vivendo.
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