quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Jogo é jogo

Gonzalo Fuentes/ Reuters

Já dizia o monumental Didi, bicampeão do mundo com a seleção brasileira, que treino é treino, jogo é jogo. Pois, então. Diante dessa divisão talvez fosse o caso de se perguntar pra que lado tendem os amistosos. Seria ele um jogo com alma de treino, ou um treino com alma de jogo? Pelos relatos que já ouvi, o que define isso é a situação em que o embate se dá. 


Rivellino, por exemplo, gosta muito de lembrar de um amistoso que a seleção brasileira fez pouco antes de embarcar para o México, onde escreveria algumas das mais belas páginas do futebol mundial. Na época alguém teve a feliz ideia de marcar a despedida do Brasil fazendo em um Maracanã com portões abertos uma partida entre o time A e o time B comandados pelo técnico Zagallo. 



Riva naquele momento integrava o time de baixo. Por mais que dizer isso soe totalmente herético nos dias de hoje. Conta o eterno Rei do Parque que antes de entrar em campo os supostos reservas olharam uns para os outros e tomaram a decisão de não dar mole não. Endureceram tanto que acabaram vencendo os titulares por quatro a um. É fato que por trás da negação à condição de sparing em pleno Maraca se escondia também uma chance de ouro pra mostrar serviço. Mas o melhor dessa história, o mais interessante, é notar o tamanho do orgulho que transparece nas palavras do tricampeão do mundo toda vez que ele conta o causo. 



Nem o Japão que o Brasil enfrentará amanhã pela manhã e nem mesmo a Inglaterra, adversário da próxima terça, dão pistas de que podem fazer essas partidas inesquecíveis. Mas jogadores que neste momento seguem por fora na disputa por um lugar no time devem ter motivos de sobra pra lembra-las daqui quarenta anos. Nem digo que é o caso de se dizer que este ou aquele não estará na Copa, mas sim o de saber que papel terão quando ela chegar. 



Dizem que Tite quer ver o time com Fernandinho e Casemiro juntos por mais tempo. Confesso que o futebol do Fernandinho sempre me soou um pouco pesado. Mas se o Guardiola já disse que o homem pode jogar em até dez posições e que se tivesse três Fernandinhos poderia garantir que faturaria um campeonato inglês, só me resta anunciar a rendição. No mais, Renato Augusto já não impressiona tanto como no início do trabalho com o atual treinador. As laterais parecem ter donos, mas depois deles não sei não. Mesmo nomes como Willian e, principalmente, Phillipe Coutinho, que me dá a impressão de tornar seu futebol evidente no momento certo, têm bons motivos pra encarar até os treinos como se fossem jogos. Mas, verdade seja dita, quem sou eu pra desdizer Didi ? 

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