quarta-feira, 25 de julho de 2007

Ouro e acrílico

Nas competições esportivas a medalha é a parte palpável da glória. O suor secará, os olhos no futuro já não poderão mirar o adversário, as testemunhas todas hão de se dispersar pelo mundo. Alguém esquecerá de guardar a manchete do jornal, as lágrimas da vitória não serão mais do que memória. A medalha, não.
Será tratada por cada campeão como relíquia. Nas mãos de cada vencedor será a principal prova do feito heróico, da superação, do êxito. Cansei de vê-las, penduradas, com seus cordões bem cuidados, em caixas de veludo, sem jamais perder o ar de tesouro.
De certo surgiram porque, um dia, o homem se viu diante da necessidade de materializar o que o espírito sentiu de maneira triunfante. Nasceu, então, a medalha. Forjaram-na de metais diferentes e reservaram o mais nobre deles para os melhores.
Por isso, tem me intrigado demais ver medalhas revestidas de acrílico, ou sei lá o que. Algum designer sábio, com apenas um traço na prancheta, isolou esse pedaço de metal repleto de simbologia da pele de cada campeão revelado no Pan do Rio.
Será que nenhum vencedor, tomado pela vibração insana de uma conquista, teve o ímpeto de tentar descascá-la?


* Até agora, pelo que li, cinco medalhas recebidas pelos atletas no Pan quebraram.

2 comentários:

Anônimo disse...

Genial, amigo!
Como é bom poder me inspirar novamente no melhor texto que conheço no esporte, desde o descalço sirizeiro na TV Tribuna, às histórias que contou no GME.
É certo que o mundo de hoje funciona como acrílico sobre o que as pessoas têm de mais valor, mas a admiração, ouro entre as relações, é tão durável quanto as heróicas medalhas. E não se apagam na história.
Não abandone esse espaço por nada!

Um grande abraço, com muita admiração, Andre Argolo/.

Vladir Lemos, jornalista disse...

Que bacana te ver aqui. Espero que curta mesmo. Lembro a música que o Geraldo Sirizeiro cantava até hoje, acredita? Lembranças...