Em 2004, depois da medalha de prata em Atenas, acompanhei de perto o futebol feminino. Ainda no embalo da boa campanha nos Jogos Olímpicos a imprensa foi generosa na cobertura do Campeonato Paulista organizado logo depois, o que alimentou a esperança de mudanças no cotidiano das nossas jogadoras.
Estive em alguns jogos, senti nelas o entusiasmo, afinal, o que se propagava era que o torneio serviria como um “laboratório” para a criação do tão merecido Campeonato Brasileiro.
Elas, de novo, fizeram a parte delas, aceitaram um calendário espremido, com intervalos mínimos entre os jogos. Ignoraram as condições precárias, a falta de torcida.
E tudo deu em nada.
A realidade dos salários mínimos e de um horizonte promissor podendo ser vislumbrado somente muito longe de casa permaneceu.
Depois de todo o suor nossas meninas podem se dar ao luxo de não acreditar em mais nenhuma promessa. É perfeitamente compreensível.
Mas, continuem acreditando em vocês, e isso eu desconfio que vocês sabem fazer muito bem. Não acredito que haja campeões sem confiança.
Cristiane, Marta, Pretinha, Simone, Elaine, Aline, todas vocês, olhem pra dentro, se sintam cheias de honra. Cheguem perto do espelho, olhem bem nos seus próprios olhos, esqueçam o batom, esqueçam qualquer tipo de maquiagem, olhem somente nos seus próprios olhos e se reconheçam como as verdadeiras campeãs que são.
Lembrem dos primeiros chutes, da trajetória rebelde da bola que insistia em não desenhar a curva que vocês imaginavam, é sempre assim, até para os homens, não se iludam.
Lembrem do passado, quando vocês sonhavam com um Maracanã lotado jogado aos seus pés. Estão vendo? Aconteceu.
Tudo o mais é crueldade de uma sociedade que não aprendeu a tratar nada de maneira igual.
sexta-feira, 27 de julho de 2007
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2 comentários:
olá querido vladir.
acompanho desde os tempos do grandes momento do esporte seu trabalho na tv cultura.
to gostando muito do seu blog, é bom saber o que acha da situação do esporte.
concordo com vc em relação ao futebol feminino, mas vc já que tem um espaço numa tv muito boa deveria fazer algo consistente para ajudar a mudar a realidade dessas meninas do futebol, como por exemplo transmitir o campeonato delas, programas com esportes de menos destaque em outros canais de televisão.
vc ajudaria muito também aquelas pessoas que não aguentam o mesmo assunto em programas de bate-boca de esporte.
obrigado
oscar mariano, piedade/sp
Caro Oscar, já tinha respondido tua mensagem, mas ela sumiu, e não sei qual a razão. Seja como for, achei ótima a definição "bate-boca de esporte", perfeito. Não tenho o poder de decidir sobre transmissões. Na última segunda a capitã da nossa seleção, a Aline, esteve no Cartão Verde. Por hora é o que podemos fazer, abrir espaço para que os atletas falem um pouco sobre seus desafios e sobre a realidade dura que enfrentam. Abraço, apareça!
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