quinta-feira, 15 de março de 2018

Um voto para Tite

Dizem que sem sorte não se deve ir nem mesmo até a esquina. O que faz muito sentido. E sorte é uma das primeiras coisas que me tomam o pensamento quando o assunto é o técnico Tite. Vejam bem, sorte do futebol brasileiro, não do treinador. Afinal, estamos todos cansados de saber que o cargo é ingrato e de uma hora pra outra pode transformar em calvário o que parecia ser o paraíso. E se digo sorte é porque imaginem vocês se depois do fatídico sete a um não existisse no cenário do nosso futebol alguém vivendo o momento que Tite vivia. E nesse sentido o destino foi caprichoso, como muitas vezes é. Todo mundo sabe que Tite poderia ter ido parar lá mais precocemente. O próprio treinador nunca escondeu que não ter sido escolhido antes mexeu com ele. 

Mas o tempo passou e o que  ele construiu de lá pra cá não deixa dúvida sobre o acerto da escolha. Mas como tudo tem seu preço esse entrar nos trilhos da seleção se fez também escudo e argumento para quem conduziu o futebol brasileiro até aquela nada página nada honrosa. No início desta semana Tite foi assunto das principais manchetes esportivas ao fazer a última convocação antes daquela em que anunciará os escolhidos por ele para defender o Brasil na Copa da Rússia. Como era de se esperar os questionamentos a respeito das escolhas feitas por ele aumentou. E só não fizeram mais eco porque os resultados não dão quase nenhuma margem pra isso. 

Pelo que li Tite goza neste momento de uma aprovação de sessenta e dois por cento. Número que deve mexer com o imaginário de boa parte dos nossos políticos e que é ao mesmo tempo a medida exata do abismo que separa a bolinha que eles andam batendo do promissor futebol apresentado pela nossa seleção nas mãos de Tite. Considero muito justa a convocação do zagueiro Geromel. E estranho, como muita gente, a aparição de Talisca e Willian José na lista. Como estranho a não aparição de Luan. 

Muitas das críticas, no entanto, me pareceriam mais cabíveis se estivéssemos diante de uma convocação final. Com Tite surfando essa onda fizeram questão de lembrar também esta semana que ele no final do ano passado disse não se sentir à vontade com nenhum político. Deve se preparar. Não vai faltar gente querendo tirar uma casquinha desse sucesso. Gente que joga duro. Depois de construir tudo o que construiu Tite não deve se contentar em vencer, possibilidade que muitas vezes dribla até os gigantes, deve ter em mente que todos esses votos de confiança escondem uma vontade imensa de algo diferente, de um Brasil diferente.

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