Dizem que sem sorte não se deve ir nem mesmo até a esquina. O que
faz muito sentido. E sorte é uma das primeiras coisas que me tomam o pensamento
quando o assunto é o técnico Tite. Vejam bem, sorte do futebol brasileiro, não
do treinador. Afinal, estamos todos cansados de saber que o cargo é ingrato e de
uma hora pra outra pode transformar em calvário o que parecia ser o paraíso. E
se digo sorte é porque imaginem vocês se depois do fatídico sete a um não
existisse no cenário do nosso futebol alguém vivendo o momento que Tite vivia. E
nesse sentido o destino foi caprichoso, como muitas vezes é. Todo mundo sabe que
Tite poderia ter ido parar lá mais precocemente. O próprio treinador nunca
escondeu que não ter sido escolhido antes mexeu com ele.
Mas o tempo passou e o
que ele construiu de lá pra cá não deixa dúvida sobre o acerto da
escolha. Mas como tudo tem seu preço esse entrar nos trilhos da seleção se fez
também escudo e argumento para quem conduziu o futebol brasileiro até aquela
nada página nada honrosa. No início desta semana Tite foi assunto das principais
manchetes esportivas ao fazer a última convocação antes daquela em que anunciará
os escolhidos por ele para defender o Brasil na Copa da Rússia. Como era de se esperar os questionamentos a respeito das escolhas
feitas por ele aumentou. E só não fizeram mais eco porque os resultados não dão
quase nenhuma margem pra isso.
Pelo que li Tite goza neste momento de uma
aprovação de sessenta e dois por cento. Número que deve mexer com o imaginário
de boa parte dos nossos políticos e que é ao mesmo tempo a medida exata do
abismo que separa a bolinha que eles andam batendo do promissor futebol
apresentado pela nossa seleção nas mãos de Tite. Considero muito justa a
convocação do zagueiro Geromel. E estranho, como muita gente, a aparição de
Talisca e Willian José na lista. Como estranho a não aparição de Luan.
Muitas
das críticas, no entanto, me pareceriam mais cabíveis se estivéssemos diante de
uma convocação final. Com Tite surfando essa onda fizeram questão de lembrar
também esta semana que ele no final do ano passado disse não se sentir à vontade
com nenhum político. Deve se preparar. Não vai faltar gente querendo tirar uma
casquinha desse sucesso. Gente que joga duro. Depois de construir tudo o que
construiu Tite não deve se contentar em vencer, possibilidade que muitas vezes
dribla até os gigantes, deve ter em mente que todos esses votos de confiança
escondem uma vontade imensa de algo diferente, de um Brasil
diferente.
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