quinta-feira, 22 de março de 2018

A Briosa e o Peixe

Alberto Ferreira/ Agência Briosa



No domingo a tarde já ia bem avançada quando numa conversa de família fiquei sabendo que a Briosa tinha vencido mais uma. Lamentei não ter me programado pra ir até Ulrico Mursa desfrutar desse momento, dessa fase, o que me fez sentir uma ponta de inveja do amigo Monteiro que me disseram, como bom português, fez questão de marcar presença no embate. Fosse supersticioso diria que o homem anda se revelando um tremendo pé quente. Mas acho mais justo creditar tudo ao bom futebol do time comandado por Sergio Guedes. 

Agora, se se o torcedor da Briosa anda que é só alegria o do Santos anda é com a pulga atrás da orelha. E não é pra menos depois de tudo o que se viu - ou não se viu - nos jogos contra o Botafogo pelas quartas de final do Paulista. Volto aqui a reforçar meu respeito e admiração pelo trabalho de  Jair Ventura mas me pareceu um tanto dissonante  depois do primeiro jogo ouvir o técnico creditar a falta de brilho do time santista ao cansaço ocasionado pelo fato de ter sido obrigado a jogar um bom tempo no onze contra dez diante do Nacional pela Libertadores dias antes, e ainda ter colocado na sacola dos argumentos o desgaste da viagem aos confins de Ribeirão Preto, o gramado diferente daquele que o time supostamente estaria acostumado e até a coitada da iluminação do Estádio Santa Cruz.

Não duvido da veracidade dos argumentos mas acho que é o tipo de fala que costuma descontentar o torcedor. Diante de tantas interpretações interessantes que já ouvi Jair fazer sobre um jogo de futebol quero acreditar que no calor da hora acabou caindo na cilada de um discurso fácil. Pouca gente percebe e pouco se fala nisso, mas há um sem fim de casos nos quais o discurso do técnico acabou por minar o trabalho do mesmo. Em geral, o pecado capital deles é estar totalmente dissociado da realidade.

Como se não bastasse o futebol apresentado ainda pesa sobre o jovem Jair Ventura uma expectativa imensa. O trabalho dele à frente do Botafogo no ano passado foi incrível. Mas isso tem um preço. E além desse preço há no ar um consenso de que se ele fez o que fez com o Botafogo com o Santos, terceiro colocado do último Brasileirão, poderia ir ainda mais longe. Acontece que o futebol tem lá seus caprichos e costuma desdenhar dessas conclusões. Pouca gente nota também que mesmo com o elenco do time carioca lhe impondo limitações Jair teve a seu favor no Botafogo dois detalhes que fazem toda a diferença nesse ramo: um time, no todo, dar aquela liga, e ainda se ter nele jogadores atravessando fases de se tirar o chapéu.

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