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Martin Fernandez/GloboEsporte.com |
Uma coisa é se divertir com futebol.
Outra, bem diferente, é tê-lo como matéria de ofício. E a diferença inquietante
entre as duas coisas é que no primeiro caso podemos abstrair o todo, no segundo,
jamais. Não foram poucas as vezes em que me senti como um perverso desses capaz
de tirar um sorvete da boca de uma criança. E isso nunca foi premeditado. O que
se dá é que muitas vezes o papo começa despretensioso e na empolgação você vai
dividindo com o interlocutor detalhes que costumam ser esquecidos e quando se dá
conta o papo já virou meio policial, com enredo que só a máfia sabe emprestar a
eles.
Foi por isso que cunhei a frase, cujo trecho usei acima como título. Frase
que é a seguinte: Futebol, quanto mais você conhece mais difícil fica de gostar.
Foi o jeito que encontrei pra tentar resumir o sentimento que me assola
quando sou obrigado a lidar com esse lado nada nobre do mundo da bola. O que,
devo dizer, costuma acontecer com frequência. Ainda mais agora quando temos um
ex-presidente da CBF sentado no banco dos réus lá em Nova Iorque
gerando manchetes quase diárias com novos detalhes sobre o que vem à tona toda vez que um dos
envolvidos no caso é chamado pra se explicar.
Creiam, nada disso causa espanto
em quem está habituado a conviver com os detalhes desse universo. Agora,
confesso ter sido surpreendido pelo fato de alguns meliantes terem sido levados
para a cadeia por fazerem parte de um esquema de repasses de ingressos de
futebol para torcidas organizadas. Pois se os papos sobre propinas milionárias
sempre circularam por aí em tom de verdade esse esquema dos ingressos idem. E
até hoje absolutamente nada de significativo tinha sido feito. Levada às últimas
consequências isso significaria uma limpeza considerável no meio.
Há muito pra
ser feito. Inclusive, despertar em cada torcedor a importância de separar o futebol da política. Evitar que ele seja usado com esse fim. Até porque está pra
nascer um administrador no meio futebolístico com capacidade para melhorar nosso
quadro politico. Ao menos entre os que usam o jogo de bola como trampolim. Vejam
o caso de Andrés Sanchez, deputado federal e candidato a presidente do
Corinthians. Ao ser perguntado se pedirá licença, caso seja eleito, afirmou que
o faria no dia seguinte, para em seguida dizer que ficaria no comando do clube
quatro, cinco meses e depois veria o que fazer. Um desavisado torcedor
corintiano pode achar que de qualquer modo terá seus interesses cuidados. Se
não como cidadão, como corintiano. Mas se alguém ainda é capaz de votar pensando
no time que torce, como diria um velho amigo, parei.
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