quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Árbitros, "a bola da vez"

A impressão que tenho é que o acontecido beira o milagre, e quase ninguém percebeu. A mania, a picuinha preferida dos torcedores, pasmem, já não é falar mal dos treinadores. O grande vício agora, no bom sentido, mas nem tão bom assim, é pegar no pé dos árbitros. Tá certo que muitos andam dando um mole danado para o azar.

E, talvez, o que pouca gente tenha percebido também é que essa nova mania tem um agravante. Veja. Quando eram os treinadores que estavam na berlinda, os torcedores "desciam a lenha" no coitado, mas ao menos a comissão técnica do próprio ficava resignada, não falava sobre o assunto, muito menos os jogadores da equipe, que nos bastidores podiam até "jogar contra", mas ficavam na miúda.

Com os árbitros a regra é outra, todo mundo tem direito de tirar uma casquinha, técnicos, dirigentes, torcedores, todos querem "desfrutar" do momento frágil do sujeito. Essa por sinal é uma espécia de lei abstrata do mundo da bola: qualquer um que tenha a infelicidade de entrar vulnerável em campo sofrerá um enorme castigo.E não falo de uma certa vulnerabilidade técnica, não. Pode ser uma bola "levada" no meio das pernas, um lance bizarro, uma furada, ou pode ser até uma briga romântica tornada pública. Em todos esses casos o escárnio será inevitável... o corinho sarcástico da torcida idem... Isso sem contar as gracinhas ditas de modo velado pelos adversários em campo.

Nada a declarar, no entanto, sobre a conduta da torcida, que nesse caso é soberana para desfrutar do futebol da maneira que achar melhor, inclusive, zombando da arbitragem.

Quem jogou bola sabe muito bem os milagres que operam uma boa "pressãozinha", e não apenas no juiz. E, na minha opinião, por hora, é bem esse o caso, com tantos veículos prontos a repercutir cada declaração, alguns se acharam espertos o suficiente para usar essa capacidade de "ecoar" os acontecimentos como um trunfo.

O adversário, por sua vez, ciente dessa perversa realidade, se sente no direito de reclamar e falar alto também. O raciocínio é lógico: é preciso equilibrar as forças, equilibrar a pressão. E ficam lá os árbitros, cada vez mais pressionados.

Os treinadores, outrora culpados, nunca estiveram tão fora da mira dos descontentes. Deveriam fazer um exercício de humildade e, solenemente, agradecer aos árbitros

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