A frase é velha, mas pelo visto não corre o mínimo risco de perder o sentido. Acredito que a nossa experiência cotidiana impedirá qualquer divergência nesse sentido. Lembrei da mesma, porque há tempos venho adiando um comentário sobre a nadadora Rebeca Gusmão, cujo exame antidoping com resultado positivo virou até caso de polícia.
Na última terça-feira Rebeca quebrou um silêncio que já durava duas semanas, e as palavras da primeira mulher a conquistar uma medalha de ouro para a natação brasileira (ela, por sinal, conquistou duas no Pan do Rio) revelaram uma atleta disposta a “pagar o preço”. Nada a ver com o resultado do antidoping, que isso é assunto para especialistas. Quem viu Rebeca Gusmão nos últimos tempos, muito provavelmente, ficou impressionado com o porte físico da nadadora, o que sem dúvida contribuiu para acelerar opiniões a respeito do caso.
Aos vinte três anos de idade, Rebeca não deixou no ar a menor preocupação estética. Disse que faz doze refeições por dia, e que não tem medo de engordar. “Quem quiser ser alguma coisa tem que fazer de tudo”, afirmou em seguida. E ao dizer que as outras atletas deveriam “se preocupar menos com a aparência e mais com performance”, deixou no ar, reforçada, a possibilidade de ter sido seduzida por um outro tipo de vaidade, a da vitória.
O caso de Rebeca Gusmão nos aproximou ainda mais dessa face perversa do esporte. Na próxima segunda-feira, o exame da mostra B será feito em um laboratório de Montreal, no Canadá. O preço de tudo isso ainda é desconhecido, e pode se revelar bem maior do que o previsto.
Isso sem falar na declaração do responsável pelos exames antidoping no Pan do Rio, Eduardo De Rose, que declarou que estava à caça de Rebeca e que sua aparência era suspeita. Nada me tira da cabeça que só pode ter sido inveja daquele delegado-geral da Polícia Civil do Pará que, ao falar sobre a menina de quinze anos que ficou presa com homens na mesma cela, ainda culpou a vítima, alegando que ela só podia ter alguma “debilidade mental”.
Tudo... sem ficar vermelho de vergonha.
E por falar em preço, o Comitê Olímpico Brasileiro apresentou um projeto em Brasília para receber mais 27 milhões de reais para a preparação olímpica de Pequim 2008. Outros 57 já estavam garantidos. Nunca é demais, né?
Nesse nosso cenário, de bem com o preço só o atacante Lulinha, do Corinthians. Mesmo sem marcar um único gol como profissional, a jovem promessa teve a multa rescisória do contrato elevada para astronômicos cinquenta milhões de dólares, quase cem milhões de reais. A pergunta que não quer calar neste momento é: quanto deveríamos cobrar pela nossa paciência?
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
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