terça-feira, 27 de novembro de 2007

O risco de estar na arquibancada

A tragédia que matou sete torcedores na Bahia trouxe com ela um recado muito claro: se você gosta de futebol, e costuma frequentar estádios, tem corrido um sério risco. Ainda que ninguém seja tão ingênuo a ponto de achar que acompanhar da arquibancada um jogo de futebol seja tão seguro quanto assisti-lo de casa, estamos longe de admitir que ao comprar o cobiçado bilhete estamos, ao mesmo tempo, nos dispondo a correr risco de morte. Pode parecer exagero, mas pelo que vimos não é.

Os quase trinta e um mil torcedores que pagaram para ver o duelo entre Sport e Cruzeiro no último final de semana, no estádio da "Ilha do Retiro", podem até ter levado em consideração a possibilidade de precisar fugir de uma briga, ou até de um grande tumulto. O que eles talvez não tenham percebido é que aceitaram pagar para assistir a um jogo no terceiro pior estádio do país, segundo um levantamento feito por arquitetos e engenheiros, que percorreram outros vinte e oito estádios, nas dezoito cidades que se candidataram a receber jogos da Copa do Mundo de 2014, que terá o Brasil como sede.

Amanhã o Atlético Mineiro recebe o Goiás no tradicional Mineirão, o estádio "Governador Magalhães Pinto. Milhares de torcedores estarão lá, antes de tudo, correndo um risco, talvez, ainda maior do que aqueles que foram à "Ilha do Retiro" dias atrás. Inaugurado no dia 5 de setembro de 1965, o Mineirão aparece na "lista dos piores" em segundo lugar, vencendo apenas o já condenado estádio da "Fonte Nova". Perdoe, nesse momento o melhor é dizer, "perdendo", uma vez que nessa triste tabela não há vencedores.

Mesmo os mais de oitenta e um mil torcedores que foram ao Maracanã testemunhar a classificação do Flamengo para a Libertadores do ano que vem, com a vitória sobre o Atlético Paranaense no último domingo, não podem dizer que viveram plenamente essa condição. A superlotação do Maracanã, cuja reforma consumiu mais de duzentos e quarenta milhões de reais, obstruiu as vias de acesso e elevou ao máximo a possibilidade de acidentes. É bem provável que diante de um estádio reformado a sensação de segurança fosse maior. Ilusão.

Mas como sempre, o "show deve continuar". A "Fonte Nova" será demolida, o Campeonato Baiano vem aí, e o futebol fará de outras praças sua fonte de renda. Não sejamos ingênuos a ponto de achar que esses estádios estarão em condições plenas de receber a multidão de torcedores baianos que já deram grandes demonstrações de devoção ao futebol.

Seja onde for, por hora, tudo continua, e continuará, por um fio.

3 comentários:

Anônimo disse...

E a pergunta que não calar ou a discussão que não cessará é: esses são os cenários para a Copa do Mundo de 2014?

Lamentável. Palavras são ineficazes e insuficientes nesse momento de tragédia.

Abraço.
Ton

Vladir Lemos, jornalista disse...

É Ton, e você viu que já estão falando em usar dinheiro público pra construir (ou reconstruir) a Fonte Nova. Absurdo. Abraço.

Anônimo disse...

EU QUERO AVISAR AO TORCEDO DO SPORT RECIFE, MAS CONHECIDO COMO A "COISA", QUE O PRIMEIRO TIME DE PERNAMBUCO A PARTICIPAR DE UMA LIBERTADORES DAS AMERICA, FOI O CLUBE NÁUTICO, E ISSO FOI NO TEMPO QUE SE JOGAVA FUTEBOL..GANHEI DE SANTO DE PELÉ E PEPE, PALMEIRAS DE ADEMIR DA GUIA, CRUZEIRO DE TOSTÃO, ETC,ETC..E VOCE DO SPORT FORAM PARA A LIBERTADORES PELO MURO, JOGANDO A SEGUNDA DIVISÃO DE 1887..POBREZA