quinta-feira, 9 de março de 2023

O Santos sob o olhar da história



Pode até ser que você não seja desses que andam cornetando o Campeonato Paulista. O que pensando bem é coisa que vejo mais ser encenada pela crônica do que pela torcida. Digam os descontentes o que quiser. Que o estadual acaba esvaziado. Que acaba complicando a preparação dos times para torneios mais importantes. Que sem ele o calendário deixaria de ser draconiano. De minha parte gostaria que fosse mais equilibrado. Ano após ano o que temos visto nada tem de novo. Das últimas dez edições sete delas tiveram na final os ditos grandes, incluído aí o Santos junto ao trio de ferro. Vez ou outra pinta um coadjuvante. Papel que tem pertencido ao São Bernardo nessa edição atual. 

Interessante notar que se analisarmos não só a última década, mas as duas décadas anteriores, seremos levados a crer que essas surpresas têm se tornado mais raras. Entre os anos de 2013 e 2022 foram três as oportunidades em que um time de menor porte figurou na final.  Ainda que só um deles, como na década anterior, tenha chegado ao título. E de maneira geral o time que cumpre esse papel de dar ao torneio um verniz de surpreendente quando rouba a cena acaba canibalizado. Tem os seus mais destacados nomes rapidamente cooptados. Afinal, quem irá resistir aos encantos de um Palmeiras ou de um Corinthians, que sempre embutem nesse seu cortejo a insinuação de que com eles o mundo do futebol definitivamente se abrirá pra esses que despontam. É o que vimos acontecer nos últimos dias com o jovem Crhystian Barletta de vinte e um anos, destaque do São Bernardo, que está na dele, tem de aproveitar o momento e voar. 

Esse recorte histórico também nos serve para analisar o papel do Santos. Nas últimas dez edições do Campeonato Paulista metade delas, cinco, foram decididas exclusivamente pelo trio de ferro. As últimas cinco, aliás. Quando o time da Vila Belmiro passa a fazer parte da análise o número salta para sete. Ou seja, na última década o Santos esteve em duas finais com os grandes. Em uma foi derrotado pelo Corinthians e na outra bateu o Palmeiras. Bons tempos. Também figurou em outras duas decisões. Em uma foi derrotado pelo Ituano e na outra venceu o Audax , que na época fez esse dito papel de sensação do campeonato. 

Pode parecer representativo, mas na década anterior o Peixe tinha estado em seis decisões e vencido cinco delas. E com louvor, porque ao vencer a edição de 2012 voltava  a ser tri estadual depois de 43 anos. A última vez que tinha alcançado tal feito tinha sido entre 1967 e 1969 época do Santos comandado por Pelé. E nem vamos falar da conquista da Libertadores porque o papo é só o Paulista. Este ano, depois de dois, o time da Vila Belmiro conseguiu chegar à fronteira da fase de grupos sem estar ameaçado pelo rebaixamento. Difícil negar que tenha avançado, portanto. E se a torcida não enxergava nisso um motivo de comemoração depois da melancólica atuação diante do Ituano na última rodada essa reação ficou mais do que compreensível. Os mais precisos dirão que o grande desafio santista é dar conta do Brasileiro que vem aí, tido como um dos mais cascudos dos últimos tempos. Muito pode ser dito a respeito, o que não dá é pra brigar com a história recente que impõe ao Santos retomar um lugar de honra que ele ano após ano tem visto lhe escapar.

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