quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Olha a Copa aí !




Vamos partir aqui mais uma vez do empírico, do que a experiência cotidiana nos revela quando o assunto é Copa do Mundo. O mais comum tem sido ouvir por aí que a curtição com a Copa já não é a mesma. Seria o caso, claro, de perguntar o que à luz da história segue sendo exatamente igual? Os mais saudosistas bradam como se fossem espadas o tempo em que se enfeitavam as ruas com bandeiras, com pinturas. Os mais sentimentais culpam a distância que passou a separá-los dos craques que hoje em dia se exibem, majoritariamente, no continente europeu. Honesto de minha parte é dizer aqui que são observações feitas pelos que me cercam, pelos que em geral costumam ser da mesma geração que eu. Tenho curiosidade de saber o que pensa a garotada a respeito disso, que espaço uma Copa toma de suas vidas. De que maneira toma. 

A impressão que tenho é a de que se tem uma coisa que não mudou muito é o encanto que um álbum de figurinhas do Mundial ainda exerce sobre pessoas das mais diferentes idades. É fato que os mais velhos talvez guardem nisso um modo de resgatar o prazer de outros tempos. Mas vejo nos olhos daqueles que acabaram de chegar e que descobrem a curtição de um álbum do tipo pela primeira vez o mesmo brilho nos olhos. Há notadamente nessa Copa que se aproxima peculiaridades que a farão diferente de todas as outras. Talvez o fato de ser a primeira sediada no Oriente Médio seja de alguma forma algo menos impactante do que a forma como irá se misturar às nossas vidas. Com o ano chegando ao fim, misturando-a com os preparativos para o Natal que sempre nos exige algo. E iremos certamente muito além disso pois será mesmo um Mundial singular e que já provocou atitudes contundentes e não é de hoje. 



Meses atrás a Dinamarca  tinha anunciado que faria questão de ficar invisível no evento e , numa espécie de boicote como resposta aos atropelos no que diz respeito aos direitos humanos, irá atuar com seus três uniformes em tons totalmente monocromáticos escondendo dessa forma a marca da patrocinadora e o brasão da Confederação. Não consigo deixar de imaginar que uma campanha surpreendente deles no Mundial tiraria na mesma proporção a eficácia dessa invisibilidade. Os capitães de várias seleções da Europa prometem entrar em campo usando braçadeiras com as cores do arco íris para promover a inclusão e se posicionar contra qualquer tipo de discriminação o que parece estar longe de ser prioridade para os anfitriões. 

E tão assombrosas quantos as histórias desumanas que cercam o Mundial são as cifras envolvidas no evento que consumiu mais de um trilhão de reais, isso mesmo. Implodindo de vez as fronteiras entre o que é esporte e o que é construção civil num mega evento esportivo. Não custa lembrar que dias atrás, Joseph Blatter, o ex-todo poderoso do futebol mundial disse com todas as letras que a escolha do Qatar foi um erro. Que o Mundial é grande demais para o país. O tamanho do erro veremos. No mais, gosto mesmo é dos detalhes que vão dando molho na coisa. Como as declarações do técnico da Espanha dizendo que uma das únicas certezas é que ele tem é a de que em campo o time que comanda não irá morrer de medo. Declaração que parece talhada sob medida para uma seleção conhecida como a fúria.   

Nenhum comentário: