quinta-feira, 6 de outubro de 2022

O grande baile

Dirão os mais puristas que o grande baile será outro. Será o que se dará na capital equatoriana. Neste momento vivendo dias terríveis, em estado de exceção. Para o qual, aliás, a Conmebol insiste em fazer vistas grossas. Não faltarão argumentos aos que, por ventura, vierem a defender essa posição. Mas esse outro baile que se dará dez dias depois desse que defendo como o tal ser encerrado, não é exatamente nosso, embora tenha como anfitriões dois times brasileiros. Não faço pouco caso da Libertadores com estas minhas palavras. Mas na minha opinião o grande baile será essa decisão da Copa do Brasil que se aproxima. Flamengo e Corinthians com suas torcidas imensas dão ao jogo contornos épicos. Um confronto que digo a vocês já me pareceu mais desequilibrado.  

E por mais que o time rubro-negro tenha conquistado pra si essa aura de time que é sinônimo de excelência vejo crescer uma certa sensação de que o Corinthians tem time pra sonhar com esse feito.  Ainda mais agora que Roger Guedes e Yuri Alberto praticamente provaram para o técnico alvinegro que podem jogar juntos.  Há, sem dúvida, o detalhe de que o jogo da volta é no Maracanã e isso não é coisa que não pese. Sei que muita gente não vai concordar comigo, mas nesse ponto vale destacar que se essa decisão da Copa do Brasil fosse feita nos moldes do outro baile, em partida única e em local previamente escolhido, que como vemos poderia se revelar neutro, aí a coisa embolava de vez. E se escolhi a metáfora do baile para falar disso não foi por acaso. 

Sabemos todos que grandes bailes, em geral, não levam essa fama porque os convidados sabem dançar como ninguém. Longe disso. Os grandes bailes são, antes de tudo, o reconhecimento da importância de quem convida. Notadamente se faz um pouco cruel esse longo hiato que de uns tempos para cá os organizadores insistem em colocar entre as semifinais e as finais desses torneios, quando todo mundo sabe que poderia ser diferente. A partir de agora, e mais do que nunca, tudo se resumirá a esse aguardado Corinthians versus Flamengo, a parte inaugural do tal baile. No final de semana , quando os dois estiverem em campo pra cumprir as obrigações relativas ao Brasileirão, serão vistos e interpretados mais sob a ótica do que virá do que sob a do que desenharam em campo.  Com o Flamengo visitando o Cuiabá. O Corinthians recebendo o Athlético Paranaense em Itaquera. Por coincidência o time que fará com o rubro-negro o outro cortejado baile de Guayaquil. 

E não será o caso de dizer pior para o Flamengo, que quando estiver nesse baile evidentemente não terá esquecido que em breve terá de dar conta desse outro.  Trata-se daquele tipo de stress muitas vezes invejado de quem, pelo seu papel, acaba por ser convidado pra tudo. Ou quase tudo. Jamais saberemos, apesar de insistir na análise, o quanto as últimas apresentações dos protagonistas irão pesar na hora em que a festa começar. Até porque tanto Corinthians, que acaba de sair de um empate com o lanterna do Brasileirão, quanto Flamengo, provavelmente, levarão à campo times esvaziados, sem titulares. Diante disso tudo, o empate pálido do rubro-negro ontem à noite contra o Internacional no Maraca ou o embate do Corinthians no dia anterior com o  Juventude não passam de páginas que a história aceleradamente deixou no passado. Importa, e não é de hoje, é se preparar para o grande baile.    

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