quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Sem esporte, sem futuro



Caminhamos para o desfecho da mais efervescente eleição presidencial dentre todas das quais trago lembranças. Tema sobre o qual muito foi e está sendo dito. Mas não sei se notaram o quanto o esporte passou ao largo de tudo isso. E se fiz uso do adjetivo efervescente foi por ter dificuldade para garimpar um outro que fosse mais apropriado. Dias atrás até cheguei a ver, solitária, perdida entre tantos portais de notícias, uma matéria que versava sobre o tema. Precisa e muito oportuna na abordagem, pois mostrava como o assunto era tratado em cada uma das campanhas presidenciais que, até aquele momento, estavam na disputa. Não digo que chegou a espantar o fato de que na metade delas o esporte nem figurava e que quando apareceu não deixou de ser com um viés um tanto surreal. 

Cheguei a ver proposta que defendia veementemente o esporte amador para no fim afirmar com todas as letras que a ideia era fazer do Brasil um potência olímpica. Como é preciso registrar que até promessa da aprovação de um tão indicado Plano Nacional de Esporte cheguei a ver por lá. E como gostaria de acreditar em promessas do tipo. Imagino que essa crença traria consigo uma serenidade que o mundo já não nos dá mais o direito de ter.  Não sou do tipo que duvida do paraíso, ainda que fugaz, a que têm direito os ludibriados. Uma coisa que me chamou a atenção foi o fato de as propostas que se dignaram a tratar do esporte tê-lo aproximado muito da educação. O que revela algum apuro no olhar sobre ele. Na minha opinião a única forma de pensar o esporte de modo sadio. 

Uma coisa é querer construir um país de laureados. Outra bem diferente é querer construir um país de cidadãos bem formados. Essa ausência talvez venha a ser só um efeito colateral do sumiço dado no Ministério do Esporte. Sabemos todos que pode ser mais cômodo e conveniente aceitar a realidade imposta do que querer mudá-la. No primeiro turno, entre um debate e outro, um dos candidatos disse que nunca soube de um país que verdadeiramente tenha avançado sem ter feito da educação uma prioridade. Não há como discordar. É um dizer lúcido. O que esconde de intenção é outra história. Acredito que o caminho seja bem esse, o da educação. Como já tive oportunidade de expressar neste espaço, nem acho crucial que voltemos a ter um Ministério para tratar do esporte. Não vejo incongruência em aproximá-lo da Educação, nem da Saúde. 

Mas estou convencido de que jamais poderemos dizer que tratamos a questão da maneira devida enquanto houver uma escola que não tenha uma quadra de esportes decente e os equipamentos necessários para que ela funcione adequadamente. E não pensem vocês que essa maneira de encarar o esporte não se reflete na nossa sociedade de outros modos. Quem faz o que eu faço sabe muito bem que o esporte esteve sempre muito longe de ser o assunto mais respeitado nas redações. Realidade que, ao contrário do que muitos pensam, não costuma mudar nem quando ele se revela responsável por fatia considerável do faturamento das empresas.  Por outro lado, o mais cruel é constatar que não há candidato, em tempo algum, que não tenha encarado o esporte - e  especialmente o futebol - como um facilitador, como um meio eficiente de conquistar votos.        

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