quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Pedro e Rony



Talvez alguém venha a achar um descalabro colocar os dois lado a lado. Ainda mais agora que Pedro andou voando e dando uma contribuição danada para que o Flamengo e os flamenguistas voltassem a viver dias divinos. Coisa que, diziam, só um certo Jesus poderia propiciar. E aí devo dizer que não deixa de ser uma tentação grande versar sobre Dorival Júnior, o homem à frente desse novo reinado rubro-negro. Por mais que ainda se faça um reinado sem títulos. Isso faz muita diferença. Ando - como muitos por aí - de queixo caído com as coisas que o camisa vinte e um do Flamengo anda fazendo. Um gol mais bonito que o outro.  Lances que nos levaram a crer estar vendo um jogador raro. Estranhamente ainda não consegui comprar a ideia de que o sujeito merece um lugar na Seleção. E olha que sou do tipo que sempre pregou que a fase de um jogador deveria ser determinante pra isso.  Talvez esses anos todos testemunhando euforias que mais fizeram mal do que bem aos que despontavam tenham aos poucos me deixado um tanto descrente. 

De qualquer forma, se ele fosse entenderia perfeitamente. Difícil mesmo é o Tite sair do que é seu estilo e tirar da cartola uma dessa.  Mas quem está no jogo é para ser driblado. Além do mais a vida escreve é por linhas tortas. Digo isso porque outro dia ao ler uma entrevista dele para o portal UOL, achei subserviente demais ele ter dito, sobre o momento em que era dado como novo jogador do Palmeiras, que se o clube dele não liberasse não tinha negócio. E, de fato, o Flamengo não liberou.  Tivesse ido sabe-se lá como seria a história. Diante de tudo que se vê, das oportunidades que ele não teve de jogar em outros momentos, não é fácil crer que o clube tenha tomado essa decisão exclusivamente por pensar que não seria o melhor para Pedro. Importa é que hoje parece mesmo que foi.  O rapaz tem sido rebuscado.Mais do que esse ou aquele gol, me ficou na cabeça também aquela disparada em direção à meta adversária, quando de repente a bola foi ficando para trás, e ele a puxou meio como quem ensaia uma chaleira e colocou, como num passe de mágica, a gorduchinha pra andar no ritmo dele. 



Outro de quem quero falar é do palmeirense Rony. Ao contrário de Pedro não paira sobre ele essa áurea de jogador classudo. Nos últimos tempos virou até lugar comum, toda vez que alguém falava sobre o futebol dele, dizer que era inconcebível um time com um elenco tão reconhecidamente nobre depender de um jogador com as características do Rony. Diria que o cara andou correndo e suando tanto que acabou deixando pra trás, inclusive, os que teimam em não lhe reconhecer o valor. É dessas injustiças que se comete , inocentemente até, quando se insiste muito no requinte. O futebol, sabemos todos, é feito de outras coisas. Muito mais dessas outras coisas até. 

No panteão que trazemos no imaginário há um sem fim de homens que conheceram a glória fazendo pouco da categoria de craque. Há nele jogadores verdadeiramente grandes, campeões do mundo. Ídolos incontestes. Enfim, o que quero, independentemente do destino que teve o Palmeiras, é deixar aqui um registro de agradecimento porque no meio dessa modorra que anda cercando o futebol Pedro e Rony têm contribuído deveras para que esse ofício de cronista que cerca o futebol e a curtição dos torcedores com o jogo de bola sejam consideravelmente mais prazerosas. E se o Rony tivesse encaixado aquele lance de calcanhar ainda lá no jogo na Arena da Baixada? Ah, aí seria o caso de pedir, talvez, seleção pros dois... já que amanhã Tite anuncia nova convocação.. 

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