quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Cadê meus titulares ?



O título acima pode soar estranho, mas não descabido diante do que temos vivido. Ainda que seja levado a considerar que a turma que sente saudade do tempo em que um time entrava em campo com camisas de um a onze tenha dificuldade para entender que o tempo passa e as coisas mudam. E não se sinta envergonhado se for o seu caso. Embora um tanto conformado, sou dessa turma também. O rodízio de jogadores anda dando nó na cabeça de muito torcedor. Tostão , com sua pena nobre, dias desses versou sobre a questão. Tendo em vista todo o aparato à disposição de quem monitora um elenco profissional hoje em dia ignorar o que a medicina diagnóstica pode mostrar seria, antes de qualquer outra coisa algo leviano. Tenho muita curiosidade para saber qual a margem que se coloca diante do que esse aparato todo revela.  Pois só sabendo qual a margem com a qual os clubes trabalham seria possível dizer se andam, por exemplo, cautelosos demais com a questão. 

E digo isso porque se tem uma coisa que alimenta o discurso descontente dos torcedores é essa desconfiança. A de que estão tratando tudo com muita cautela. Mas é fato que o efeito disso é um certo, digamos, empobrecimento das escalações. Como dizer de outro jeito?  O tema tem sido constante nos debates esportivos. Digo mais, talvez só perca para a arbitragem, imbatível nesse sentido. E cuja capacidade para alimentar acalorados debates e gerar polêmicas o advento do VAR só parece ter turbinado. O lendário jogador, Roberto Rivellino, com quem tenho a alegria de conviver profissionalmente, outro dia encaixou no nosso papo uma frase a respeito do assunto que mais pareceu um xeque mate. Mandou na lata: tudo bem poupar um e outro, mas com a temporada tão perto do final é preciso , ao menos, se ter uma vaga ideia do que seria um time titular.  

E se uma temporada que já flerta com o fim não nos dá muitas vezes essa condição , por outro lado vai mostrando como ter de encarar mais de uma frente é algo desafiador.  Por mais que o técnico do Fortaleza seja bom no que faz. Não há de ter sido puramente as estratégias que tramou que sozinhas fizeram o time , que passou vinte rodadas na zona de rebaixamento, dar o salto que deu na tabela. Do mesmo modo que o líder do Brasileirão, o Palmeiras, que ganhou algumas semanas inteiras para trabalhar ( o certo não seria dizer: descansar?) depois de eliminado da Copa do Brasil, só anda mostrando esse fôlego todo porque viu diminuído seu número de jogos. Mas a euforia e o desejo de novos títulos praticamente impede que os palmeirenses vejam uma eliminação como algo providencial.  

O Santos também pode ser tido como ponto de partida para abordar o tema. Há outros fatores. Contratações, troca de treinador. Tudo enquanto o time ia tendo seu horizonte reduzido ao Brasileirão. Se o torcedor tem dúvida do quanto a oitava colocação soa surpreendente. Que pegue a tabela e veja quais os times que neste momento estão à frente do time da Vila Belmiro.  Times todos de futebol respeitado de algum modo. Por mais que os treinadores de Santos e Fortaleza andem jogando com o resultado e mente, dizer que essa condição não teve a ver com o fato de não ter de pensar no tal rodízio de jogadores como antes, é negar o óbvio. Não dá pra deixar de dizer também que a essa altura ficar nessa de cadê meus titulares é coisa de quem segue em mais de uma competição. O que, sejamos sinceros, é um luxo.         

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