quinta-feira, 14 de março de 2019

Estamos evoluindo


Sabe como é. O futebol moderno - como disse um dia nosso nobre maestro sobre o próprio Brasil - não é para principiantes.  Foi-se o tempo em que expressões como jogar sem a bola provocariam antes de qualquer outra coisa um risinho cínico. Não faz muito tempo ainda era possível encontrar por aí quem procurasse com os olhos no meio de um papo sobre futebol alguém com quem tirar uma onda depois de ouvir o termo. Já não tenho visto, donde concluo que o termo está consagrado. E na esteira dele passaram a definir também certos times como desinteressados pela bola. Ou não é disso que se fala quando se diz que um time não quer a bola? 

Como nosso destino é a constante evolução ouso dizer, guardando aqui comigo certa vaidade pelo que a conclusão pode trazer consigo de vanguarda - que estamos prestes a entrar de vez num outro estágio, um estágio superior: o dos times que não querem jogar futebol.  Isso mesmo. Não se revele ultrapassado. Lembre da estranheza que lhe cercou quando ouviu pela primeira vez um sabichão chamar um passe de assistência. É isso mesmo que estou falando. Estamos vendo, ainda que distraidamente, o surgimento de equipes que de tão abastadas e tão lapidadas pela motivação agora entram em campo querendo só o resultado e, claro, a glória e os dividendos de levantar a taça no final da temporada.

Levar o Campeonato Paulista a sério é coisa de quem pensa pequeno. Ficar gastando futebol quando já se tem o placar mínimo na casa do adversário também. Tenham a santa paciência. Depois de toda a grama que comeu até chegar ao estrelato só faltava agora querer que um treinador se  deixe corroer pela culpa de não dar ao torcedor um pouco de graça. Isso é coisa de comentarista que vive de procurar pelo em ovo. Já dizia o professô lá da base que futebol bonito não dá futuro pra ninguém. E essa coisa de beleza, de plástica, é papo de intelectual que perdeu o rumo e foi parar na crônica esportiva. Onde já se viu, quem vai jogar bola quer é ser boleiro. Se quisesse ser artista iria fazer teatro , música. Ia pintar quadro.  

Tudo bem. Não se pode dizer que esse argentino que pintou na área aí não ande causando um rebuliço, mudando um jogo sei lá quantas vezes, se mostrando descontente com um zero a zero mesmo jogando na casa do adversário. Coisa de maluco. Agora, quem garante que tudo isso não passa também de uma tática? Não pra ganhar jogo, mas pra chamar a atenção, ficar em evidência.  E não me venham falar em futebol europeu. Eu também me deliciei vendo o Ajax jogar.  Achei o máximo o que o Manchester fez com o endinheirado Paris Saint Germain, mas confesse, quantas vezes você já ouviu e concordou que os caras lá estão a anos luz de distância das nossas peladas? 


E eu sei que concordou até quando ouviu que nem parece o mesmo jogo o que eles andam jogando lá, que é outro futebol etc e tal.  Mas, por favor, sem complexo de vira latas. Acredite no que estou dizendo. Depois do time que não quer a bola estamos vendo o surgimento dos times que não querem jogar futebol, eu já disse.  O que prova por a mais b de que não estamos parados no tempo , não. Nossa rota de evolução nunca teve nada a ver com a dos gringos, ainda mais os tidos desenvolvidos. Por que é que só no futebol ia ser diferente? 

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