quarta-feira, 6 de março de 2019

Depois do carnaval

Foto: Arquivo Diário de Pernambuco


Olha, se o ano começa depois do carnaval o Campeonato Paulista começa bem depois dele. Sejamos sinceros, jogo à vera só quando essa folia de momo que acaba de passar tiver dispersado suas cinzas e muita gente já estiver de olho no calendário à procura de um outro feriadão. E não é pra menos, a realidade que tem se apresentado exige uma dose de ilusão de que é possível, ao menos por uns dias, fazer de conta que podemos esquecê-la. E, por favor, não me entendam mal. Continuo sendo um ferrenho defensor dos estaduais por tudo o que representam para o nosso futebol. Sei que vou comprar briga.  O problema não são os estaduais, que têm atrás de si uma história imensa que os une às mais profundas raízes do futebol brasileiro. Podem até acabar tudo bem. Tudo passa.  


Mas que sejam colocados os pingos nos is. O que vejo é uma certa retórica que deixa no ar, sugere, que campeonatos, como o Paulista, são os culpados. Andam caindo de maduro. Jamais vou aceitar enxergar a coisa por essa ótica. Caindo de maduro estão os sábios dirigentes  que os deixaram chegar a este ponto. Que reduziram, e aí volto a apontar o Paulista, mais de cem anos de história a um torneio em que doze de suas dezoito datas fazem quase nenhum sentido. Isso sem falar em todas as artimanhas já tramadas para que os ditos grandes não terminassem diminuídos pelos tidos como pequenos. Por isso tudo acho até difícil de estabelecer o que é falta de qualidade técnica e o que é desinteresse nessas partidas sem sal a que ficamos expostos. 

Quando disseram, por exemplo, dias trás que o Santos conquistou um resultado bom ao empatar em zero a zero com o Palmeiras fora de casa, entendi a lógica do raciocínio, mas cá com meus botões fiquei pensando se no fundo os analistas todos não foram iludidos por um desinteresse velado que mesmo os protagonistas do jogo não conseguem perceber, se dar conta. Em razão disso tenho tendência para acreditar piamente em comentários como o que escutei outro dia de um torcedor desses raiz, que ainda curte ver um jogo sem se importar se é do time dele. O amigo de tal perfil que cito aqui outro dia tinha se deliciado adivinhe com que embate? Bragantino e Novorizontino. Isso mesmo. Peleja que acabou empatada por um a um, roubando  dos dois times do interior a chance que tinham no momento de assumir, ao menos temporariamente a liderança de seus grupos. 

Em outras palavras, para os times menos abastados de história e de grana talvez o Paulista tenha realmente começado quando a bola rolou. Mas temo que só pra eles. Quem ousará dizer que esse ou aquele grande começou bem a temporada se no primeiro mata-mata for aniquilado? Creio que até a aura mágica de Sampaoli racharia diante de uma eliminação do tipo.  E notem que ao longo dos últimos anos temos visto times de menor tradição fazer por merecer o triunfo sobre os gigantes. A crença é que se dão bem por começar a treinar antes. Tudo bem. Mas isso não deve explicar tudo. Enquanto isso, a Libertadores vai entrando em cena cheia de pompa.  E pouco importa se ela passou a ser a tal outro dia. Ou que tenha começado a "desfilar" quando Campeonatos como o Paulista já tinham praticamente a idade que ela tem hoje

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