quinta-feira, 28 de março de 2019

A velha caixa de surpresas

A veia do futebol segue a jorrar surpresas. Ou não foi surpreendente o que se viu acontecer nessas quartas de final do Campeonato Paulista? Dirão alguns que os grandes mostraram sua força e nada de novo se esconde aí.  Pode até ser, mas ver o Red Bull fazer o que fez , em especial nos primeiros quinze minutos do jogo de ida diante do Santos, foi de intrigar. Um nível de desacerto e falta de concentração que não rimava com a campanha que o time construiu. Não tinha perdido para os grandes, tinha chegado ao ao mata-mata com um sequência de vitórias de se tirar o chapéu. 

Por outro lado, deve-se reconhecer que há também um jeito de não encarar o ocorrido como surpresa, afinal, o Santos - na média - tinha sido o que foi na hora decidir. A questão é: quem apostaria seu dinheiro depois de ter visto  a equipe da Vila comandada com pompa por Sampaoli  ser derrotada pelo Novorizontino e mais tarde ser goleada  pelo Botafogo? A esses digo que a surpresa está mais até no fato de o time santista ter jogado como quem não tinha desfalques consideráveis, isso depois do time misto ter naufragado em Ribeirão Preto. O zero a zero da volta pra mim só reforçou a impressão de que aquele desacerto do Red Bull na largada lhe tirou as asas. 

Do Palmeiras até me acanho um pouco de falar porque já ando cansado de dizer que faria muito bem a todos, ao futebol, ao patrocinador e ao clube que o time fosse , digamos, um pouco mais plástico. Terminado o jogo de ida me peguei pensando se o próprio Felipão olhando tudo da beira do campo secretamente não se sentia desapontado vendo o time apresentar em campo o que apresentou. E agora, depois de sacramentar a classificação com a goleada por cinco a zero, fico pensando se ele não deu uma dura no time dizendo que precisava colocar ao menos uma cereja no bolo. Fato é que do alto de uma campanha cem por na Libertadores, com vaga garantida na semifinal do Paulista a blindagem promete resistir a qualquer cornetada. 

Mas quem diria que seria a Ferroviária, dona da campanha de números mais acanhados entre os oito candidatos às vagas das semifinais, que iria dar a maior contribuição para esse ar surpreendente que teve o início das quartas de final?  Jogando de igual pra igual com o Corinthians, time que era só evolução, com a defesa encorpando e com Carille alcançando um aproveitamento do tipo que o fez se tornar um dos técnicos mais respeitados do país. O que por sua vez é surpreendente também.

 E, por último, como bem disse um são-paulino que acabou de passar por aqui, imbatível mesmo é o destino que praticamente forçou o tricolor a levar a campo um time diferente. E não é que deu certo?  E alguém aí vai dizer que ouvir aqui e acolá que o time do Morumbi tinha feito a melhor partida do ano diante do Ituano não é de causar surpresa? Enfim, digo a vocês que desde o início achei que ao menos um dos grandes iria ficar pelo caminho. Errei. Mas ter os quatro ditos grandes nas semifinais não deixa de ser uma surpresa, afinal, neste século é apenas a quinta vez que eles se encontram nessa condição.

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