quinta-feira, 6 de setembro de 2018

No embalo de Gabriel !


O Santos estará em campo hoje à noite para encarar o Grêmio, no Pacaembu. Mas fiquem tranquilos, não vou voltar a falar sobre a escolha do lugar do jogo. A bela vitória sobre o Vasco, em pleno Maracanã, sem dúvida terá feito do time dirigido por Cuca um tanto mais cascudo. E Gabriel a figurar entre os goleadores do torneio, depois de todo o bafo da arquibancada que andou sentindo, é motivo dos bons para o torcedor santista crer que é possível sim encarar o esquadrão de Renato Gaúcho. Não sei se é o caso de dizer de igual pra igual porque faz tempo que o tricolor gaúcho anda se mostrando diferente de tudo, mesmo quando se dá ao luxo de não levar a campo todos os titulares. 

Uma coisa o santista pode comemorar de antemão: o fato de Tite ter tornado impossível a presença de Everton no time gaúcho. Tem dado gosto ver o rapaz em campo.  O jogador do time gaúcho anda num momento desses raros, cuja prova maior é conseguir desenhar jogadas até certo ponto previsíveis, sem que seus marcadores  consigam, no entanto, evitar que ela seja concluída de maneira fatal. Mas essa não é a única pista que Everton nos tem dado de seu grande talento, ou grande fase, vai saber. Fato é que ele tem conseguido também ir muito além, se revelando ao mesmo tempo o contrário disso, aquele tipo de jogador capaz de finalizar um lance de maneira tão complexa e improvável que o marcador ao dar de cara com a bola na rede fica com uma cara de quem diz: como é que ele fez isso? 

Se o nobre leitor quiser um exemplo claro do que estou tentando dizer, caso não tenha na memória, é só ir buscar por aí o gol marcado por ele diante do Fluminense. Mas a euforia santista há de encontrar amparo também neste momento muito além da ausência de Everton. E não estou falando do fato de o time santista ter quebrado um belo tabu, ao  conseguir vencer o Vasco no Maracanã pela primeira vez desde os idos de 1969, quando Pelé marcou por lá o lendário milésimo gol. Isso pode não passar de um mero detalhe, mesmo porque há quem sustente que o milésimo gol do rei não foi aquele. A euforia santista pode se amparar na crença de um certo efeito contagiante que o bom momento vivido  por Gabriel pode ter. Ele é, de longe, o jogador de quem mais se espera aquele sempre bem vindo poder de desequilibrar partidas. Mas nomes como Bruno Henrique, Rodrygo e até Pituca e Dodô podem aproveitar a onda e engrossar o caldo. 

A perversão do momento é que uma arrancada agora pode deixar pairar no ar a impressão de que tudo vai bem na Vila Belmiro e isso qualquer torcedor atento sabe que não é verdade. Quando dias atrás o técnico Cuca, depois de dizer algumas verdades não encontrou amparo nem nas declarações do ex-executivo de futebol, Ricardo Gomes, e ainda ouviu o presidente do clube dizer em resposta que ele "cuida do time" , talvez não tenha imaginado o quanto seria bom que essa distinção ficasse bem clara, e que tenha sido feita pelo próprio mandatário. O desconforto inicial de Cuca, imagino, deve ter se traduzido em alívio, pois estes dias que correm têm deixado muito claro que o time anda bem melhor do que o clube.   

* artigo escrito para o jornal " A Tribuna" , de Santos

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