A final da Copa do Rei semanas
atrás serviu não só para afirmar a hegemonia do Barcelona na competição mas,
principalmente, para tornar mais evidente o tamanho de Andrés Iniesta. Nada a
ver com o gol bonito marcado por ele. Falo de algo que está infinitamente além
de se marcar, ou não marcar, um gol desses que costumam fazer os gritos da
torcida se misturarem ao som abafado que nasce com as expressões de espanto. Na
ocasião, melhor do que vê-lo colocar a bola na rede suavemente, como se fosse um
Coutinho, foi vê-lo se movimentar em campo construindo as tramas que levaram os
companheiros dele a viverem também a alegria do gol. É de impressionar a noção
de espaço, o deslocamento extremamente correto, a velocidade impressa em cada
movimento com precisão ímpar. Depois de tudo isso a imagem do oponente tendo de
ir buscar a bola na própria meta é só o ato final que faz soar como trovão a
letalidade do que esse artista da bola é capaz.
Na última sexta, Don Andrés,
como os companheiros o chamam, chorou ao anunciar em entrevista coletiva que a
temporada que está chegando ao fim será a última dele no Barcelona, onde não
custa lembrar, está desde que era uma promessa das categorias de base. Não
confirmou que seu destino será o futebol chinês como dizem por aí. Na minha
concepção das coisas Iniesta é tão grande, tão significativo, tão superior, que
deveria permanecer no clube até o fim. Passou lá vinte e dois dos trinta e três
anos que tem de vida. Mas há sempre o dinheiro para justificar outros caminhos.
Iniesta que no final de semana conquistou um título espanhol com o time catalão
sem ter sofrido uma única derrota oferece como legado também a certeza de que
craques de verdade não deixam
espaço pra dúvidas.
Outro de sua estirpe é Zidane, por exemplo. Por mais que
tenha errado na ocasião, o considero um jogador que conseguiu ser elegante até
na hora de dar aquela famosa cabeçada em Materazzi. Só um maluco seria capaz de
questionar a condição de craque desse francês de origem argelina. O mesmo
poderia ser dito de um jogador como o italiano Pirlo. Mas o mundo do futebol e seus
rótulos, que servem de combustível para vender camisas e reforçar marcas,
cometeu o desaforo de não ter dado até hoje a Iniesta, que é simplesmente o
jogador espanhol com maior número de títulos da história, uma única coroação
dessas individuais. Talvez lhe venham com uma tardia. Mas Iniesta está acima
disso, como todo grande jogador. Como diz a música " O
Craque", de Vicente Barreto e Celso Viáfora: muita mídia pode ser o
céu/muita pode ser o breu / Muita mídia pode ser você virar patê.
Um comentário:
Isso pode trazer um bom debate, acho que estamos no final de uma era mágica, que por sorte nos trouxe craques de outro nível, como: Pirlo, Zidane, Xavi, Iniesta, T.Kroos, R.Carlos, Marcelo, Xabi Alonso, Messi, C.Ronaldo, Lahn, D.Alves, Bunffon, Neuer, Hummels, T.Henry, Neymar, Modric...
Já o Brasil, acho que viveu uma era meio conturbada com lesões e jogadores que não corresponderam tanto, cito, o Ronaldinho Gaúcho que se tivesse sido mais comprometido com a carreira e profissional teria ganho muito mais. Também as lesões do Ronaldo Fenômeno que teria sido algo muito maior do que foi, com suas arrancadas. Nosso melhor jogador na minha opinião dessa geração, está com ambos os joelhos detonados, se P. Henrique Ganso tivesse a velocidade que tinha na época do Santos quando começou seria outro jogador de nível ímpar. Ele perdeu completamente a mobilidade principalmente após a segunda lesão, nunca mais conseguiu desenvolver seu futebol e ficou restrito a uma faixa de campo muito reduzida, praticamente se arrastando em campo. Não é desse século, mas perdemos o Dener tbm...
Essa geração mundial que está ai, com o Salah como maior expoente não impressiona tanto por nível individual, são atletas que aparecem muito mais no nível coletivo... Como o Hazard, Lo Censo, De Bruyne, Isco, Asensio, Pogbá, Griezmann, R.Firmino, Mané, Mbappé... Espero tenhamos mais fora de série, pois muito em breve estaremos num final de ciclo, Messi já tem 30 anos, C.Ronaldo 32-33, Neymar 28 anos, Modric 32 anos e por ai.
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