quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Futebol tecno, lógico !

 
O bom senso manda relevar aquele futebol nada empolgante que seu time possivelmente andou mostrando até agora. Não seria justo, e muito menos proveitoso, exigir algo que saltasse aos olhos quando a temporada nem bem começou. Concordo com o raciocínio, mas não me furto a observar que ele seria bem mais consistente se ao longo dos últimos anos depois de algum tempo nossos times de elite tivessem exibido uma melhora significativa. O que não tem sido o caso. 

Um argumento pode até não justificar o outro mas pedir que o torcedor deixe de ser passional, imediatista até, seria a última fronteira para fazer do jogo de bola algo frio. Ainda bem que tá pra nascer tecnologia capaz de substituir o ranger dos dentes, os dedos cruzados, as figas, os socos no ar, os palavrões repentinos, aquela superstição de lógica esquisita. Estamos nesse aspecto na contramão do que anda ocorrendo com o jogo propriamente dito. É incrível. No ato de torcer continuamos sendo quase demodês, pré-modernos. O que é de uma beleza redentora. 

Digo isso pois li outro dia uma manchete que dizia que o técnico Roger Machado anda vivendo dias de Disney no Palmeiras. Acabara de convencer o clube a comprar uma nova ferramenta para seu Centro de Inteligência. Com ela será possível, dizem os entendidos, calcular métricas e variáveis relativas ao tempo de recuperação da bola. Munido do aparato o treinador saberá quanto tempo o atleta comandado por ele leva para combater o adversário, quanto tempo o time fica com a bola em cada setor do campo e, detalhe interessante: quanto tempo cada jogador fica com a bola. 

É a tecnologia desmascarando um dos tipos mais famosos entre a boleirada, aquele que costuma se esconder do jogo. Isso sem falar no monitoramento por GPS, no uso de drones - para olhar o próprio time e não o dos outros é bom que se deixe claro. Detalhes que vão  dando à imprensa munição para fazer de Roger Machado uma figura simbólica desse futebol tecnológico. Mas eu, aqui do meu canto, gostei mesmo foi de ler que depois de tudo isso o técnico palmeirense pra poder mostrar aos atletas todas as descobertas e conclusões pega mesmo é a velha lousa e leva pro meio do campo. 

E aí a ciência e a tecnologia, creio, são devidamente traduzidas para o boleirês. Que me perdoem os mais modernos. Da ciência sempre fui um admirador, sempre achei que bateu um bolão. Mas com a tecnologia o papo é outro, olho pra ela desconfiado, como quem está de cara com alguém, ou algo, que pode num instante lhe colocar a bola entre as pernas, entende?  

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