quarta-feira, 3 de maio de 2017

Um conselho


Se conselho fosse bom não seria dado de graça. Vixe, olha eu aqui de novo com uma frase dessas que todo mundo já ouviu alguma vez na vida. Mas que o leitor não ache que algo dito insistentemente deva ser tomado como verdade. Há, no entanto, frases que estão mais perto dela. É o caso daquela que diz, por exemplo, que uma mentira dita mil vezes se torna verdade. A vida e o jornalismo estão aí pra provar que se essa precisa ao menos faz muito mais sentido do que outras.

A vida tem me ensinado que, mesmo dado de graça, um conselho pode ser valioso. O segredo é dar uma boa peneirada. Por isso, aconselharia Felipe Melo a seguir o que lhe foi dado pelo ex-jogador Edmundo. Ao se ver obrigado a comentar o comportamento do jogador do Palmeiras, Edmundo, sugeriu que ele tome muito cuidado com o que diz e faz para não ficar marcado. Mesmo se tratando de alguém que passou longe de ter em campo um comportamento exemplar, Edmundo sabe como poucos o preço de ser, como ele mesmo se considerou, um cara intempestivo.

Ganhar a antipatia de quem cobre o futebol não é uma boa, disse ele. O que Edmundo nunca poderá dizer é que a antipatia por ele nasceu à toa. Fosse o mundo do jornalismo um pouco mais exigente provavelmente ele não teria conseguido até hoje um microfone pra chamar de seu. Hoje, mais maduro, menos intempestivo, entrega de bandeja um conhecimento que provavelmente lhe custou caro. Mas, como escreveu certa vez um velho cronista, se pudéssemos aprender com a cabeça dos outros evitaríamos muitas cabeçadas. 

É claro que a imprensa tem um papel fundamental nisso tudo. Sob o pretexto de que o futebol anda carente de personagens diferentes dá a comportamentos desse tipo certa preferência. O risco vem embrulhado com o papel brilhante do sucesso, do protagonismo. O diferente costuma nesses casos acreditar que é capaz de entender profundamente como a mídia se comporta, chega a crer que a domina. A torcida compra a ideia, se alimenta dessa intempestividade, faz dela uma bandeira. Só que lá no fim saem desse circo todos ilesos, menos a figura central de quem se terá pra sempre uma imagem muito bem definida, e da qual o sujeito dificilmente conseguirá se livrar.

Erros não há quem não os cometa em maior ou menor número, mas os desse tipo costumam vir acompanhados por algo mais cruel do que amargar um arrependimento.. O preço a pagar é alto. E há que se levar em conta que não é só com valentia que será possível livrar o futebol dessa chatice que anda reinando. Basta olhar pra história do futebol e ver quantos valentes já não se curvaram diante desse tipo de castigo. O toque dado por Edmundo foi desses que passaria no teste da peneira, entende? Mas pode ter sido dado tarde demais.               

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