Se conselho fosse bom não
seria dado de graça. Vixe, olha eu aqui de novo com uma frase dessas que todo
mundo já ouviu alguma vez na vida. Mas que o leitor não ache que algo dito
insistentemente deva ser tomado como verdade. Há, no entanto, frases que
estão mais perto dela. É o caso daquela que diz, por exemplo, que uma mentira
dita mil vezes se torna verdade. A vida e o jornalismo estão aí pra provar que
se essa precisa ao menos faz muito mais sentido do que outras.
A vida tem me
ensinado que, mesmo dado de graça, um conselho pode ser valioso. O segredo é dar
uma boa peneirada. Por isso, aconselharia Felipe Melo a seguir o que lhe foi dado
pelo ex-jogador Edmundo. Ao se ver obrigado a comentar o comportamento do
jogador do Palmeiras, Edmundo, sugeriu que ele tome muito cuidado com o que diz
e faz para não ficar marcado. Mesmo se tratando de alguém que passou longe de
ter em campo um comportamento exemplar, Edmundo sabe como poucos o preço de ser,
como ele mesmo se considerou, um cara intempestivo.
Ganhar a
antipatia de quem cobre o futebol não é uma boa, disse ele. O que Edmundo nunca
poderá dizer é que a antipatia por ele nasceu à toa. Fosse o mundo do jornalismo
um pouco mais exigente provavelmente ele não teria conseguido até hoje um
microfone pra chamar de seu. Hoje, mais maduro, menos intempestivo, entrega de
bandeja um conhecimento que provavelmente lhe custou caro. Mas, como escreveu
certa vez um velho cronista, se pudéssemos aprender com a cabeça dos outros
evitaríamos muitas cabeçadas.
É claro que a imprensa tem um papel fundamental
nisso tudo. Sob o pretexto de que o futebol anda carente de personagens
diferentes dá a comportamentos desse tipo certa preferência. O risco vem
embrulhado com o papel brilhante do sucesso, do protagonismo. O diferente costuma
nesses casos acreditar que é capaz de entender profundamente como a mídia se
comporta, chega a crer que a domina. A torcida compra a ideia, se alimenta dessa
intempestividade, faz dela uma bandeira. Só que lá no fim saem desse circo todos
ilesos, menos a figura central de quem se terá pra sempre uma imagem muito bem
definida, e da qual o sujeito dificilmente conseguirá se livrar.
Erros não há quem
não os cometa em maior ou menor número, mas os desse tipo costumam vir acompanhados por algo mais cruel do que amargar um arrependimento.. O preço a pagar é alto. E há que se
levar em conta que não é só com valentia que será
possível livrar o futebol dessa chatice que anda reinando. Basta olhar pra
história do futebol e ver quantos valentes já não se curvaram diante desse tipo
de castigo. O toque dado por Edmundo foi desses que passaria no teste da
peneira, entende? Mas pode ter sido dado tarde demais.
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