Mas uma coisa é ter coragem de fazer a aposta e outra bem
diferente é ter coragem para mantê-la. E tão raro quanto um treinador que aplaca
a insatisfação da torcida é um dirigente que não se curva diante da pressão. O
que não dá é pra se omitir, negar responsabilidades. O presidente do Palmeiras
foi eleito no final de novembro e Eduardo Baptista anunciado no início da
segunda quinzena de dezembro. Não que a dispensa tenha sido incompreensível.
Qualquer um que tivesse gasto algumas dezenas de milhões para montar um time e o
visse oscilar tendo pela frente uma fase de mata-mata cada vez mais perto
poderia ter tomado atitude semelhante.
A lição que fica é velha conhecida, a
lógica e o sistema fazem do treinador o único penalizado. Para a crueldade do nosso futebol o único antídoto continua sendo uma boa dose de bons resultados. Está aí
o técnico corintiano Fábio Carille pra provar. Só ele teve a capacidade mais
contestada que a de Eduardo Baptista neste início de temporada. Até porque se
imaginava que o elenco estelar montado pelo Palmeiras fosse capaz de esconder
certas limitações. E talvez fosse. Mas a direção palmeirense não estava nem um
pouco a fim de pagar pra ver.
Humilde, equilibrado, hábil no trato com a imprensa, Carille fez do Corinthians o rei dos clássicos no Campeonato
Paulista. Na verdade fez mais, montou um Corinthians que, a meu ver, foi muito
mais competitivo do que o Palmeiras. É, mas quando a gente acha que já viu
tudo em matéria de futebol, que somos capazes de decifrá-lo, ele trata de nos
apresentar um viés intrigante. Ou não é intrigante que um jogador como Cristiano
Ronaldo, que anda voando em campo, se veja obrigado a ouvir vaias jogo após
jogo? Isso mesmo quando sai de campo depois de marcar três gols diante de um
rival como o Atlético de Madrid?
Juro, nessa pedi ajuda a um amigo espanhol.
Achava que algum detalhe tinha escapado do noticiário por aqui. Eis que ele,
então, me rebate com contundência, admitindo que o gajo tem jogado muito, mas
muito mesmo, mas que infelizmente é uma figura insuportável. Fiquei a ponto de
dizer que os madridistas eram todos uns mal agradecidos. Mas pensei um pouco e
cheguei a conclusão que a relação de uma torcida com um time tem algo da relação
de marido e mulher e que, portanto, ninguém deve meter a colher. E que peça pra
sair aquele que não aguentar a pressão.
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