quinta-feira, 11 de maio de 2017

Na pressão !



Poucos são os treinadores no Brasil capazes de fazer silenciar a corneta da torcida. Cuca, que acaba de se apresentar, ou reapresentar, ao Palmeiras é um deles. E ainda que tenha construído num passado recente trajetória capaz de justificar sua contratação por qualquer clube do país, muito provavelmente foi por essa qualidade tão rara que ressurgiu como único caminho possível ao atual campeão brasileiro depois da demissão de Eduardo Batptista. E ainda que a escolha do treinador que agora sai de cena tenha sido tremendamente questionada desde o início não dá pra negar o fato de que o Palmeiras na ocasião tenha feito uma escolha que merecia ser reconhecida pois driblou o óbvio. 


Mas uma coisa é ter coragem de fazer a aposta e outra bem diferente é ter coragem para mantê-la. E tão raro quanto um treinador que aplaca a insatisfação da torcida é um dirigente que não se curva diante da pressão. O que não dá é pra se omitir, negar responsabilidades. O presidente do Palmeiras foi eleito no final de novembro e Eduardo Baptista anunciado no início da segunda quinzena de dezembro. Não que a dispensa tenha sido incompreensível. Qualquer um que tivesse gasto algumas dezenas de milhões para montar um time e o visse oscilar tendo pela frente uma fase de mata-mata cada vez mais perto poderia ter tomado atitude semelhante. 

A lição que fica é velha conhecida, a lógica e o sistema fazem do treinador o único penalizado. Para a crueldade do nosso futebol o único antídoto continua sendo uma boa dose de bons resultados. Está aí o técnico corintiano Fábio Carille pra provar. Só ele teve a capacidade mais contestada que a de Eduardo Baptista neste início de temporada. Até porque se imaginava que o elenco estelar montado pelo Palmeiras fosse capaz de esconder certas limitações. E talvez fosse. Mas a direção palmeirense não estava nem um pouco a fim de pagar pra ver. 

Humilde, equilibrado, hábil no trato com a imprensa, Carille fez do Corinthians o rei dos clássicos no Campeonato Paulista. Na verdade fez mais, montou um Corinthians que, a meu ver, foi muito mais competitivo do que o Palmeiras.  É, mas  quando a gente acha que já viu tudo em matéria de futebol, que somos capazes de decifrá-lo, ele trata de nos apresentar um viés intrigante. Ou não é intrigante que um jogador como Cristiano Ronaldo, que anda voando em campo, se veja obrigado a ouvir vaias jogo após jogo? Isso mesmo quando sai de campo depois de marcar três gols diante de um rival como o Atlético de Madrid? 

Juro, nessa pedi ajuda a um amigo espanhol. Achava que algum detalhe tinha escapado do noticiário por aqui. Eis que ele, então, me rebate com contundência, admitindo que o gajo tem jogado muito, mas muito mesmo, mas que infelizmente é uma figura insuportável. Fiquei a ponto de dizer que os madridistas eram todos uns mal agradecidos. Mas pensei um pouco e cheguei a conclusão que a relação de uma torcida com um time tem algo da relação de marido e mulher e que, portanto, ninguém deve meter a colher. E que peça pra sair aquele que não aguentar a pressão.

Nenhum comentário: