quinta-feira, 25 de maio de 2017

Que moral tem o futebol?


Querem saber do que gostei mesmo nos últimos dias? Além de ter visto o Vanderlei fazer mais uma defesa daquelas e Milton Mendes, técnico do Vasco, mostrar pulso e colocar o atacante Nenê no banco? O que eu gostei mesmo foi de ouvir o Tite falar em alto e bom som que a honestidade do garoto Rodrigo Caio pesou pra que ele aparecesse entre os convocados. O comandante do escrete nacional também deixou claro que a conduta tem com ele tratamento parecido com o que dispensa ao desempenho técnico. Rodrigo Caio, como Tite também fez questão de lembrar, fez uma Olimpíada irretocável. Acho até que já disse aqui que, de certa forma, o momento do São Paulo acabou ofuscando o bom rendimento do zagueiro tricolor. 

O bacana de ver o Tite fazer menção à nobreza que o jogador teve ao se mostrar íntegro no gramado é que, a meu ver, corrige um pouco as coisas. Já que o que, na minha opinião, era pra ser motivo de aplausos acabou sendo, antes de tudo, combustível para debates atravessados. E o bem intencionado Rodrigo Caio acabou ficando na mira de gente que está longe de pensar que integridade não rima com o jogo de bola. E não estou falando aqui de comportamentos extracampo. A vida é de cada um. E todo mundo pode fazer dela o que bem entender. Mas a receita exige que cada um tenha coragem para arcar com o preço da atitude que toma. 

Como disseram alguns o fair play de Rodrigo Caio não irá mudar o futebol, não o fará diferente. Realmente não fará. Mas não consigo imaginar em que mundo estaríamos se cada um se ocupasse de fazer apenas o que acredita ter a capacidade de mudar o mundo. Provavelmente a essa hora ainda estaríamos morando em cavernas. Pra mim o ato em si basta. E ponto. Como em qualquer campo da atividade humana os que apontam algum caminho merecem respeito. 

Não é o caso da Conmebol, por exemplo, que anda dizendo aos quatro ventos que moralizará o futebol sul-americano. Aí pune o Peñarol depois de toda a confusão vista na partida contra o Palmeiras com uma única partida com portões fechados e mais uma multa. Já que arrecadar nunca é demais. Decisão que só torna mais visível o vazio moral que corrói o futebol de dentro pra fora. Não quero acabar com a malandragem no jogo, não espero que ele seja praticado por gente com ar de santo. Apenas gostaria de ver nesse universo os poucos exemplos dignos tratados com a devida importância. E se há gente mesmo lá na Itália a fim de Rodrigo Caio, acho que ele deveria pensar seriamente no assunto.

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