sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Dá pra acreditar ?


Quem acredita cegamente na lisura do futebol? Quem colocaria a mão no fogo por ele? É certo que quando se trata do esporte bretão a gente confia desconfiando. E nem poderia ser diferente depois de tudo que já vimos e ouvimos por aí. Da velha máfia da loteria, passando pelas das apostas e a do apito. E isso sem falar nas artimanhas, nos pequenos casos que não chegam a despertar o apetite da grande mídia mas provocam lá seus prejuízos. Mas a novidade não essa, a novidade é outra. E quem diria, hein? Luiz Felipe Scolari, o mais familiar entre os campeões do mundo, também faz parte do time dos desconfiados. Pois isso é o mínimo que se pode deduzir do que disse o treinador depois de ver o time dele, o Grêmio, ser derrotado pelo Corinthians no último domingo.
 
O atual técnico gremista afirmou a certa altura da entrevista coletiva que concedeu que não seria interessante pra quem cuida do futebol, como empresa, ter no próximo torneio continental dois times do sul do país. Dando a entender que esse modo de encarar as coisas estaria prejudicando a equipe que ele dirige. Os jornais logo se apressaram em dizer que um dos principais treinadores do país teria sugerido que tudo teria sido decidido muito antes que o campeonato acabasse, muito antes que os jogos fossem todos jogados. As manchetes que brotaram das palavras ditas por Felipão ainda que possam ter trazido consigo um ar mais explosivo do que aquilo que foi dito, não deixaram de retratar o mais gritante, uma certa descrença do treinador com relação ao que se desenha em campo.
 
Que a natureza da arbitragem é política não há dúvida. Como não deve haver dúvida, inclusive, que a partir daí muito pode acontecer. Tanto é que o delegado da partida não fez questão de que constasse na súmula o que ouviu do treinador. Seria mesmo algo sem importância? Bom, mas o que fica sugerido por Luiz Felipe é algo muito mais articulado do que um simples " o juiz estava vendido", como a gente costuma ouvir por aí, aos quatro cantos, dito de maneira inocente e leviana. Vindo de alguém que por tanto conhecer o futebol poderia lhe descrever ao avesso a declaração merecia mesmo ser explicada com maior riqueza de detalhes. E se uma futura explicação em nada mudar o rumo das coisas, ao menos teria menor probabilidade de virar munição na boca de quem não perde uma chance de questionar a honestidade dessa suprema entidade chamada futebol.
 
E que Felipão não venha nos dizer que tudo foi dito no calor da hora. Sabe como é!? Explicação que, por sua vez, faria a declaração soar irresponsável. Será que foi no calor da hora também que sugeriu discretamente aos jornalistas que eles tinham caído numa armadilha ao acreditarem no que tinha se passado com o goleiro Aranha na Arena gremista? Felipão faz tempo parece sem paciência pro futebol. Pros jornalistas, então, quase nunca teve. Talvez, pros amigos jornalistas, como deixou bem claro durante a Copa. E se, por acaso, der de cara com esta crítica e a considerar infundada sugiro que se dê ao trabalho de assistir a um VT qualquer dos jogos que nossa seleção fez no último mundial. Assim, dando de cara consigo mesmo ali na área técnica, com um pouco de boa vontade, poderá perceber como na maior parte das vezes foram destemperadas suas reações à beira do campo.

Nenhum comentário: