quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Ô seu juiz !!!


No meu tempo de menino quando meu pai me levava para assistir as exibições da gloriosa Portuguesa Santista em Ulrico Mursa eu gostava mesmo era de ver o jogo saboreando uma porção de tremoços ou outra guloseima qualquer. Eram complementos perfeitos para as alegrias sugeridas pelas manhãs e tardes de domingo. Mas desde o início percebi que para muitos a grande diversão ali não tinha nada a ver com o homem do amendoim ou do sorvete. A curtição era pegar no pé do juiz.

Quando o futebol era pra valer, conclui, os únicos que podiam rivalizar com os árbitros eram os bandeirinhas. Só eles eram capazes de tirar os juízes da alça de mira dos descontentes e dos insatisfeitos. E nessa hora como era cruel o destino dos bandeiras, condenados a passar o jogo inteiro correndo pra lá e pra cá na paralela dos alambrados, perto do indesejável e perigoso calor da torcida. E a penitência daqueles sujeitos não era só ter suas decisões eternamente contestadas, era o sarro. Um sarro ácido e cruel.

Aí do juiz que tivesse semelhança com alguém ou algo. Poucas profissões escancaram tanto nossos erros e pecados, ainda mais agora que as câmeras estão por todo lado. Não creio que tenha existido um tempo em que os juízes de futebol tenham sido respeitados, gozado de boa reputação. Fomos eternamente perversos, duvidamos deles mesmo antes de o jogo começar. Tremenda injustiça, eu sei, com aqueles que conseguiram estar acima da média.

Durante muito tempo imaginei que toda essa discussão em torno dos erros de arbitragem fosse causada pela ampliação dos recursos tecnológicos disponíveis. Na minha santa complacência era capaz de levar em conta que os erros sempre existiram, a única diferença para os tempos atuais é que agora podíamos ver todos eles, no detalhe, em replay, em câmera lenta, com ampliação. Mas temo estar errado. Diante do que vem acontecendo sou levado a crer que a arbitragem piorou pra valer.

Nas últimas rodadas a coisa foi um tanto escandalosa. Quando um juiz como o gaúcho Fabrício Neves Correa e seu trio de assistentes transforma uma falta fora da área em penalti e, ainda na mesma partida, permite que um jogador impedido leve o Cruzeiro ao segundo gol, está prejudicando o Palmeiras. Mas quando o senhor Rodrigo Braghetto e seu trio de assistentes invalida o gol marcado por Fred no jogo contra o líder Atlético Mineiro - ainda que os torcedores do Galo façam questão de dizer que um lance anterior tornaria o gol ilegal - mais do que prejudicar o time carioca o tal juiz está prejudicando o campeonato, tirando dele um pouco do sempre saud´vel equilíbrio.

Com uma vitória o Fluminense estaria nesse momento apenas com três pontos a menos do que o primeiro colocado. Sem o erro descrito aqui os torcedores do Flu poderiam sonhar com um tropeço do Galo diante do Flamengo, poderiam sonhar em ter o mesmo número de pontos de quem lidera, mas com essa pisada na bola não terão direito de sonhar nem em roubar a vice-liderança do Vasco. Falo aqui de situações com as quais vocês podem até não concordar. Mas o que penso vai além.


Uma arbitragem assim, de jeito que estamos vendo, sem critérios, que muitas vezes se omite diante de jogadas violentas, é uma ameaça ao nosso futebol. Como diria o Mano Menezes, "penso que" existe alguma coisa errada nisso tudo, alguma orientação ou falta dela, que está colocando o futebol brasileiro em risco.

Aproveito para dizer que pouco tempo atrás, quando o mundo desabou na cabeça dos árbitros por causa das cenas que induziram um bom número deles ao erro, como aquela papagaiada do Ibson, do Flamengo, no jogo contra o Bahia, ninguém cobrou dos homens que estão lá pra fazer valer a regra um pouco de malandragem. Sim, porque pedir que os boleiros não tentem levar o juiz no bico é quase tão ingênuo como estar na arquibancada e pedir pra que não xinguem a mãe do juiz. A arbitragem, meus amigos, tem sido de doer.

Vê se dá um jeito nisso aí... ô seu juiz!


Nenhum comentário: