quinta-feira, 10 de maio de 2012

Salve simpatia

A essa altura a luz do dia já iluminou a Vila. E o gramado está lá, pronto pra receber o embate com o Bolívar. Que o momento santista é bom ninguém duvida. Mas esta quinta é um dia decisivo, dia de vai ou não vai, no qual o time dirigido por Muricy, ao que tudo indica, não poderá repetir as apresentações abaixo da média, como a que teve diante do The Strongest aqui, ou a de duas semanas atrás na Bolívia.

Entre a euforia do tricampeonato paulista e a ânsia pelo bicampeonato continental, será preciso encontrar uma justa medida. Há quem aposte que sem o escudo da altitude irá sobressair a melhor qualidade técnica do elenco santista.

Apesar de ter perdido em casa por três a um para o União Espanhola na fase de grupos, o Bolívar não tem sido um adversário mole diante dos times que visita. O técnico boliviano, que é argentino, está longe de ser uma figura que acompanhamos de perto, e tem lá seu currículo, passou meia década na base do Barcelona, e é bem possível que tenha aprendido alguma coisa por lá.

No futebol boliviano o adversário santista é time de tradição, com elenco formado por jogadores oriundos da Argentina, do Uruguai. Ou seja, Muricy não estava exagerando quando disse que o Bolívar era mais perigoso do que a altitude. O torcedor santista terá muito que comemorar em caso de triunfo, porque ainda que não queira nem pensar num tropeço, sabe que o preço dele seria alto, transformaria a conquista do tricampeonato paulista em algo sem sabor, apesar de raro.

Esta quinta também será um dia D para o São Paulo, que terá a missão de tirar da Ponte Preta a vantagem que ela conseguiu ao bater o tricolor por um a zero em Campinas. Ponte Preta que já provou - ao eliminar o Corinthians do estadual - que sabe se defender. Mas a tarefa seria menos árdua se os dirigentes do time do Morumbi não tivessem sido tão desastrados ao lidar com a incômoda deficiência técnica do zagueiro Paulo Miranda.

Feito o estrago resta ao São Paulo, além do jogo, vencer esse contratempo, cuja dimensão só se revelará com clareza na hora em que o time se mostrar em campo. Há a esperança de que os efeitos do caso na mídia tenham sido maiores do que os efeitos causados ao time. Uma eliminação da Copa do Brasil terá todo o jeitão de ponto final, para um, ou para outros.E com ou sem Paulo Miranda o time do Morumbi, ainda que não consiga a vaga, tem a obrigação de cair em pé, se é que me faço entender. Basta olhar a envergadura e os investimentos feitos no time pra chegar a essa conclusão.

Por falar em São Paulo, dia desses encontrei um velho amigo, que veio me dizer que estava no Morumbi no dia em que o Santos eliminou o tricolor. Eu já ia lamentando por ele quando o sujeito, são paulino inveterado, abriu o sorriso e soltou um "tudo bem", para em seguida afirmar que Neymar tinha feito o ingresso valer a pena.

Tenho ouvido gente por aí dizer que o garoto santista está fazendo muita gente simpatizar com o Santos, agora mesmo aqui na TV ouço um comentarista falar sobre essa faceta do garoto santista. Não dá pra negar que Neymar potencializou, reavivou, essa qualidade do time da Vila, mas jamais tentem me convencer de que foi ele que fez do Santos um time simpático. Essa sedução nasceu muito antes de Neymar. Mas como diria Jorge Ben, salve simpatia.


* artigo escrito para o jornal "A Tribuna", Santos

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