quinta-feira, 17 de maio de 2012

O jogo deles é pra valer


Dias atrás o governo federal finalmente saiu do banco de reservas. Depois de uma preleção na sede da FIFA, na Suiça, os donos da bola aceitaram que o secretário-executivo do Ministério do Esporte passasse a figurar entre os titulares do Comitê Organizador Local da Copa de 2014. A palavra intervenção até agora parece dar urticária nos envolvidos. A única saída honrosa pra isso é acreditar que o governo, finalmente, ganhou uma dividida com a poderosa FIFA, embora nunca tenha faltado motivo para entrar de sola. 

Foi um lance para defender a honra. O governo está atrelado com a Copa até a alma, herança de Lula, que emprestou sua imagem a ela imaginando colher bons frutos em 2014. A sorte do planalto é que quando se trata de um evento popular como esse ninguém quer pra si a imagem do que joga contra. Mas se alguém por descuido ou lucidez resolvesse endurecer a situação poderia complicar de vez. 

O governo não estava no COL, mas sempre esteve  junto, abrindo as torneiras do BNDES e afins. E por que os cartolas não deram conta do recado? Não deram conta do recado porque sempre foram uma negação como administradores. É só ver como as dívidas dos times de futebol aumentam. Um estudo divulgado na terça-feira mostrou que em 2011 os clubes geraram 457 milhões de reais a mais de receita em relação ao ano anterior, mas o endividamento cresceu assustadores 628 milhões. A jogada preferida dos cartolas é aumentar o faturamento, se gabar disso, jamais reduzir dívidas. E o negócio que eles comandam, promissor ou não, continua recebendo investimentos. Mudar pra quê?

Agora entra o governo. E desde quando o nosso governo foi um exemplo de administração? Nossa saúde vai mal, nossa educação vai mal, nossa infraestrutura nem se fala, e a nossa economia já não tem aquele vento a favor que andava batendo por estas bandas tempos atrás. 

A tabelinha entre futebol e política sempre foi perversa. E os homens da bola nunca perdem uma chance. Não é por acaso que o "novo" presidente da CBF desde que assumiu o cargo tem feito visitas ao congresso e armado visitas reservadas a parlamentares. Os cartolas ensaiam outra jogada daquelas, uma solução para a dívida dos clubes brasileiros. Um papagaiozinho de quatro bilhões de reais. E o convocado para a nobre tarefa foi o deputado federal, Romário, que não custa lembrar, ocupa hoje a vice-presidência da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara. 

Querem, também, mudar a Timemania, loteria criada em 2007 para ajudar os clubes a saldar seus compromissos. Diziam que ela deveria arrecadar 520  milhões por ano, mas em 2011 só conseguiu tomar dos apostadores 159 milhões, 34 deles repassados aos clubes brasileiros cujas dividas só aumentam. E a articulações não param. 

Nos últimos dias a divulgação de um relatório mostrou a situação caótica das obras nos estádios que estamos construindo, e em seguida ficamos sabendo que a FIFA, preocupada com os atrasos, teria elaborado quatro tabelas para a Copa das Confederações, uma com quatro cidades, outra com seis e outras duas com cinco sedes. Está na Folha de São Paulo, com maiores detalhes, pra quem tiver interesse.O Ministro, por sua vez, atacou o relatório e garantiu os seis estádios. Entrosamento que é bom, nada, tá parecendo a nossa seleção. 

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