quinta-feira, 31 de maio de 2012

Na ausência de uma rodada

Esta semana que atravessamos é uma verdadeira ameaça ao nosso ritual cotidiano. Estamos de futebol até a tampa mas não deixamos de sentir a falta dele. Uma semana atípica como essa, sem um joguinho para quebrá-la ao meio, se faz no mínimo, estranha. E, cá entre nós, joguinho é a melhor maneira de descrever o que temos visto com mais frequência.

E a seleção? A seleção é outra história. E não vai ser um embate contra os Estados Unidos a cura pra essa nossa abstinência. Sem falar que no geral a seleção apesar do bom primeiro tempo contra a Dinamarca e do placar elástico mas questionável de ontem está longe de proporcionar a dose cavalar de futebol que nos habituamos a consumir.

Não estamos acostumados com esse vazio, não estamos acostumados a respirar entre uma rodada e outra, a ter tempo de olhar a vida em volta entre um apito e outro. Os efeitos colaterais dessa ausência serão inevitáveis. Imagino que a essa altura deve ter muita esposa por aí que, sem se dar conta do recesso ludopédico, ficou meio sem entender por que  o maridão parecia tão perdido na noite de ontem.

 Mal sabem elas que é bem capaz que boa parte deles volte a apresentar os mesmos sintomas nesta noite, mais precisamente entre oito e meia noite, e que os tais sintomas têm tudo para voltar com maior intensidade ainda no final de semana quando não teremos também rodada do Campeonato Brasileiro. 

Por essas e outras eu vou me divertindo como posso. A frase " eles (FIFA) devem mais ao Brasil do que o Brasil a eles", dita pelo nosso Ministro do Esporte me tomou um tempão. Fiquei imaginando quanta gente não deve ao Brasil e, mais ainda, quanto o Brasil não deve a sua gente.

E sorri, quase sem querer, ao ficar sabendo dos dotes culinários do lateral santista, Fucile, que de tão seguro na cozinha decidiu colocar no Facebook uma receita de "camarões". Corre o risco de ficar um bom tempo em banho-maria. E a veemência de Muricy ao falar do meia Felipe Anderson depois do jogo com o Sport?  "Jogador de time grande tem que saber que aqui não pode ser promessa pra sempre. Aqui não tem espaço para ser mais ou menos". 

Felipe Anderson, que já viu Neymar fazer milagre, sabe que não é de hoje que Muricy anda de olho nele. Meses atrás o técnico santista chegou a dizer que o rapaz " é bom jogador, tem velocidade, bom chute, mas é muito desligado", e Muricy, rodado do jeito que é sabe que tá mais do que na hora de "ligar" todo mundo. Quem também precisa se ligar é a diretoria do Santos. A regra para se escolher o local de um jogo deveria ser uma só: quanto mais importante e decisivo o momento, mas se deve respeitar a vontade dos jogadores e da comissão técnica. A Vila Belmiro fio, desde sempre, a melhor escolha. Nem era preciso pensar.

Também gostei dessa história da Dilma Roussef ter sugerido por aí que o presidente da CBF, José Maria Marín, é um homem identificado com a ditadura. Nada pode ser tão cruel com certos homens quanto atirar na cara deles seu próprio passado. Essa nossa presidente, às vezes, viu? Mais parece um zagueirão dos bons, e pelo jeito também não brinca em serviço na hora de mandar pra escanteio. Na ausência de uma rodada... sugiro ao nobre leitor cuidar bem do coração porque ele em breve será muito exigido. 

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