quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Futebol e Carnaval

Sei que nem bem é passada a folia. Mas a quarta-feira está aí com suas cinzas que não farão meu discurso soar tão deslocado assim. É que não quero perder a oportunidade de registrar aqui a minha preocupação com essa coisa de escolas de samba ligadas a times de futebol.

Do jeito que a coisa vai, vejam só, em breve teremos um verdadeiro Campeonato Paulista sendo travado no Sambódromo, e esse nunca foi o espírito da coisa. Tem algum tamborim meio fora de ritmo nessa bateria. Até porque o apelo futebolístico pode desequilibrar o jogo, ou trazer para a passarela um clima que não é dela.

Trata-se apenas de uma impressão. E quero deixar claro aqui que as linhas acima foram escritas ainda na segunda, antes de toda bagunça que manchou o Carnaval de São Paulo. Mas como não tenho a menor intimidade com o tema encerro aqui as minhas reflexões, não sem antes dividir com vocês uma dúvida que me tomou enquanto assistia a um dos desfiles.

Aconteceu que em determinado momento as câmeras de TV focalizaram toda a euforia de uma moça que sambava em cima de um carro alegórico vestindo uma fantasia adornada com um sem fim de penas azuis. Bom, na hora em que o letreiro pintou na tela me avisou que se tratava da fantasia "Esplendor do mar", em alusão a Iemanjá. Minha pobre cabeça, confesso, deu um nó. Mar, águas? Tive dificuldade em compreender a razão das tais penas, mesmo sabendo que o momento exigia dar asas à imaginação.

Além do mais, falar mal das penas no universo das fantasias carnavalescas deve equivaler a falar mal dos dribles no universo da bola. E, por falar em futebol e Carnaval , tá mais do que na hora da Federação Paulista dar um jeito de se adequar e ceder espaço ao que se desenrola nas passarelas de uma vez.

Esparramar os jogos entre quinta e sábado é de uma insensibilidade absurda. Chegamos à nona rodada com a sensação de que a oitava praticamente não existiu. E para tratar mal o nosso pra lá de centenário Campeonato Paulista já basta o futebol praticado, não acham?

Seja como for, com rodada dividida ou não, o Carnaval passou. Adriano se vestiu de titular. Ricardo Teixeira percebeu que seu jeitão carrancudo não ia combinar em nada com tanta alegria e se mandou pros Estates de jatinho. Nada, amigo, como uma época rica em fantasias. Pena que estamos num país em que cada vez menos elas conseguem durar até a quarta-feira de cinzas. Talvez não, porque tá cheio de gente por aí achando que seu time vai ser campeão.

E por falar em fantasia, o que é esse pequeno-grande argentino chamado Lionel Messi? Nem o mais talentoso dos carnavalescos seria capaz de imaginar pra ele um enredo tão incrível quanto o que ele está vivendo. Olha, que me perdoe o português Cristiano Ronaldo, que também anda jogando um bolão, mas enjoa de tão chegado que é a fazer um Carnaval. Não sei se vocês me entendem. Quero crer que sim.

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