quinta-feira, 7 de maio de 2009

Reminiscências estaduais

Imagine uma cidade chamada Corinthians.

E no dia em que o time que carrega o nome da cidade vai decidir o título estadual o que você vê pipocar nas janelas e varandas é a bandeira do rival. Não estranhem, essas linhas também nasceram de um sentimento confuso, provinciano... mas no fundo democrático.

Talvez por viverem numa terra com o nome do adversário é que fizeram tanta questão de escancarar a fidelidade. Só os pouco sacanas perderiam uma chance como aquela. Tudo soou como uma doce vingança. As buzinas teimando em quebrar a tranquilidade do entardecer. Os meninos gritando o nome do rival no meio da rua. Uma cena mexeu mais comigo.

Não posso negar. E não se trata de uma imagem nova, nem inédita. Falo de ver a velha praça tomada, com bandeiras alegremente desfraldadas tremulando ao sabor do vento e da maresia. Demorei pra aceitar que não havia lugar mais apropriado para a tal festa, ainda que fosse em nome de um time que não carregava o nome da cidade.

Ah! A Praça da Independência, de tantas alegrias.

Como se não bastasse, havia ainda a indignação com o estado do gramado do Pacembu e com o comportamento do zagueiro Domingos. E digo comportamento para não não usar a palavra atuação, já que Ronaldo não marcou e ele pode fazer disso um argumento para defender as atitudes que tomou.

Tá certo. Zagueiro não pode dar mole. Tem que ser eficiente. Tem que impor respeito. Tem muitas vezes que usar a força. Mas se ele pensa que o que andou fazendo encheu o torcedor santista de orgulho, faço questão de dizer que não integro esse time. Será que ele já ouviu falar de Domingos... o da Guia? Não vi Domingos da Guia jogar. Mas sei que ele jamais entrará para a história como seu xará.

Dirão os durões que era outro tempo, outro futebol. Senhores, me recuso a acreditar que o futebol mudou tanto assim. Nego essa evolução. E me pergunto, até agora, se algum dos seus superiores foi sincero o suficiente para dizer que ele ultrapassou, e muito, o limite do bom senso.


E as taças? Notaram as diferenças? A paulista refletia a opulência do estado mais rico. A do estadual do Rio, moderna, tinha linhas bonitas como a geografia carioca, enquanto a mineira sugeria uma bola cravada em duas folhas de metal. Mas fora dos grandes centros elas iam se enchendo de simplicidade e se aproximando daqueles troféus que vimos tantas vezes em competições menores. Com tubos coloridos sustentando bases para pequenas estatuetas esportivas.

Símbolos diferentes que o futebol tratou de vestir com a mesma magnitude. Diferenças sugerindo que o triunfo esportivo não tem matéria.

E agora, lá vamos nós atrás de outras taças.

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