quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A hora e a vez do treinador

A pergunta que você vai ler daqui a pouco está entre as que eu mais ouvi nos últimos anos.
E é bem provável que ela tenha alcançado essa condição porque, de tão lembrada, acabou virando quase uma provocação. A pergunta é: Técnico ganha jogo?

Calma meu amigo, não precisa parar de ler, prometo não levar adiante esse dilema. Mas devo dizer que na maior parte das vezes em que a bendita foi mencionada, ou ficou sem resposta, ou o que se seguiu a ela foi uma torrente de teorias suspeitas.

Afinal, do que é capaz um treinador? Até que ponto o sujeito domina mesmo a feitura desse tal nó tático? Desconfio - digo desconfio, porque não vivi tanto assim - que uma aura de superioridade sempre rondou os que aceitam essa condição. Há quem afirme o contrário, que os tais senhores da prancheta nunca foram tão valorizados. Endeusados.

Quem está com a razão, sinceramente, não sei. O que eu sei é que eles estão na crista da onda e dia desses, acompanhando a entrevista de Muricy Ramalho, no Centro de Treinamento do São Paulo, ouvi o treinador tricolor dizer em alto e bom som: “Quem faz diferença no futebol é jogador”.

Acho que é mesmo por aí. E os mais atentos irão perceber na frase, também, uma ótima explicação para todo o equilíbrio do atual Campeonato Brasileiro. Equilíbrio, aliás, que tem sido a grande curtição da torcida. No país do futebol passou a ser assim, na ausência da boa técnica... a gente se diverte com a matemática. Peço perdão, claro, às exceções que, por hora, nos livram da miséria absoluta.

Quem não livra ninguém é a torcida, sempre pronta pra mandar da arquibancada, em coro, aquela palavra mágica capaz de dissolver a auto-estima de qualquer treinador. Burro!
As palavras de Muricy sugerem uma resposta à pergunta inicial. O técnico é simplesmente um catalisador. É aquele que tem a habilidade de aproximar um elenco da vitória. E não pense que se trata de pouca coisa, não.

Mas há por aí a tendência de super valorizar o cara que ganha mais, o que fatura milhões, o que se deu bem, o capaz de caprichar no marketing pessoal. Isso em qualquer área de atuação. Acho que é essa razão rasa que alimenta a roda com os nomes de sempre, provocando a velha e manjada “dança das cadeiras”.

Quem será o melhor para dirigir o Santos? Mano Menezes tem mesmo a cara do Corinthians? Caio Júnior possui envergadura suficiente pra comandar um clube do tamanho do Flamengo? E René Simões, que esta semana usou uma história de Monteiro Lobato – aquela em que a onça tenta enganar a raposa - pra motivar o elenco do Fluminense, seria um visionário ou um sofista? Quem sabe?

Nunca foi boa estratégia procurar razão no futebol. E, além do mais, a fórmula que faz um técnico vencedor, é tão misteriosa quanto a que produz milionários em Wall Street ou gênios no Vale do Silício.

4 comentários:

Anônimo disse...

Vladir,

Técnico pode ser importante ou atrapalhar o time como a diretoria ou os jogadores. Pode parecer clichê, mas essa de setorizar o clube não existe.

Como você falou, de fato há uma valorização irreal nos salários dos treinadores. Isso acontece porque as direções tentam esconder os fracos elencos que formam.

Outro fator é que os técnicos brasileiros não são contratados em grande número por clubes estrangeiros. Isso cria uma identificação desses profissionais com os torcedores daqui que, carentes de ídolos, passam admirar quem está fora do campo.

Um grande abraço,

Maurício Fernandes.
mauriciofernandes87@hotmail.com

Anônimo disse...

Boa tarde meu Amigo...

Então, acho que o Maurício aqui em cima sintetizou muito bem...
E você já tinha dado um "veredicto" ao dizer que não se deve procurar razão no futebol.

Mas fato é que técnico é Super valorizado aqui em nosso país. Não creio que precise de tanto...

Grande abraço.

Ton
waguaru@hotmail.com

5-3-3 disse...

Vladir,
o técnico é como o piloto de F1: o carro pode ser bom e tal, mas se o piloto não corresponde, miau. Quer ver? Imagine o Satoro Nakagima na Ferrari. Ou lembre-se do Rubinho... Mas do Senna na Toleman a gente lembra, né? Pois...

Anônimo disse...

tem muito mais coisas além de escalar um time no 4-3-3 ou no 3-5-2.

o bom treinador é aquele que sabe motivar e sabe conviver bem com o elenco. pq se o elenco resolve fazer corpo mole nem Rinus Mitchell salva...