quinta-feira, 10 de março de 2022

Lembra da CBF?



​Tem sido intrigante, para não dizer constrangedor, a maneira como a imprensa vem tratando a principal entidade do futebol brasileiro. No fundo a cartolagem  deve estar erguendo as mãos para o céu que em momento tão complexo a entidade pareça não despertar o mínimo interesse dos veículos de comunicação.  A impressão que tenho é de que a coisa beira o esquecimento. É certo que a CBF nunca careceu de histórias como as que envolveram o recém destronado presidente Rogério Caboclo para se ver no meio de escândalos. Jamais. Eles sempre foram fartos. Cabeludos. E pior, por mais que os incêndios tenham chamuscado biografias nunca se mostraram suficientes para derreter o poder de quem manda. Quem mandava, segue mandando. 

Uma outra maneira de encarar essa realidade é ver como ela escancara a fragilidade dos clubes brasileiros. O quanto eles seguem cúmplices de tudo o que faz o futebol brasileiro menor. Sem capacidade de abrir um caminho para o futuro. Espanta que nem em um momento de tamanha fragilidade institucional como esse a questão da formação de uma Liga tenha ido adiante pra valer. Há, eu sei, todos sabem, uma sendo urdida e que andou deixando vazar suas cifras impressionantes.  Com a grana sempre saindo das Arábias. 

Seria até um desdobramento natural desse momento em que a lei permitiu a chegada de investidores e as Sociedades Anônimas de Futebol - que mal acabaram de nascer - vão sendo vendidas sem que isso tudo desague numa união entre os clubes. Algo que permitisse a eles ter a rédea do negócio.  Mas não deve ser por acaso que apenas os quebrados financeiramente é que se viram na condição de alvo. Deveriam obviamente e, primeiramente, duvidar da intenção de seus pretendentes. Mas, voltando à situação atual da CBF, na minha modesta opinião a cobertura jornalística a respeito dela e dos acontecimentos importantes ocorridos nas vísceras do luxuoso prédio erguido na Barra da Tijuca, tem sido inversamente proporcional a importância deles. 

Eco à altura só teve o escândalo de tom sexual que envolveu Caboclo e que foi o estopim da crise atual. Depois disso, quando a poeira baixou, não se foi a fundo em mais nada. E nem estou falando aqui de se praticar jornalismo investigativo que é  modalidade quase extinta. Nesse meio tempo figuras que deram as cartas por lá caíram, outras assumiram.  É de se supor que um sem fim de arranjos foram e têm sido necessários. Tempos atrás quando o Superior Tribunal de Justiça decidiu que o presidente mais velho deveria assumir a presidência e convocar Assembleia para reformar o Estatuto antes das novas eleições, nem assim o fato foi devidamente noticiado. E olhem que se tratava de uma intervenção. Coisa que a eles assusta mais do que assombração. A FIFA pediu explicações por carta. 

Não tardou e decisão tinha caído porque a CBF e o Ministério Público tinham chegado a um arranjo, quero dizer, acordo.  Por força da lei na última segunda nova Assembleia se deu. A aberração de a Confederação ter tempos atrás dado peso diferente aos votos de seus associados, numa clara tentativa de manipular o colégio eleitoral,  permaneceu.  Tudo coma anuência dos clubes que dizem ter recebido a promessa de se trabalhar pela criação da tal Liga. Mas talvez você não estivesse sabendo. O que fortalece a teoria que embasa esse meu lamento.   

Nenhum comentário: