quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Treinadores daqui e de lá





Em dinheiro a gente pensa sempre, sendo capitalista ou comunista, não se deixem enganar. Nesse sentido estou convencido de que não basta um viés de formação pra fugir dessa verdade. Seria preciso fugir do planeta. E sabe-se lá com que realidade daríamos de cara viajando por essas galáxias afora. Mas antes que venham a pensar que estas linhas deveriam estar na verdade nas páginas de economia me adianto pra dizer que a conversa foi dar aí foi por ter visto as cifras que o treinador Marcelo Gallardo fez vir à tona quando entrou na mira do Flamengo para comandar o rubro-negro carioca. Gallardo segundo foi noticiado recebe trinta e quatro milhões de reais por temporada. Isso sem contar o staff do argentino, que trabalha com onze outros profissionais, e leva a conta a praticamente quarenta milhões. 

Longe de mim tentar estabelecer o que é caro ou barato nesse mundo da bola. Ainda mais quando se trata do Flamengo que há tempos anda flertando com um faturamento de bilhão de reais. Diante disso nada soa muito descabido. Mas essa reflexão toda me fez cair a ficha de que mesmo com times menores se impondo na tabela desse Brasileirão que está por um fio não iremos escapar do nocivo desequilíbrio que a grana impõe. Ainda que entre nossos endinheirados, não é novidade pra ninguém, as contas andem mais frágeis do que porcelana. Sem contar outros fatores. Entre eles a constatação de que se em campo o drible anda virando coisa cada vez mais rara nas páginas contábeis seguem abundando. 

Olha, que Gallardo construiu fama capaz de justificar esse frenesi inicial entre flamenguistas não dá pra discutir. O que dá pra discutir é esse quase fetiche pelos técnicos portugueses que se deu ao mesmo tempo. Uma coisa é querer trazer de volta Jorge Jesus , amparado em tudo o que ele representou, outra é estender isso a nomes como  José Peseiro, Antônio Oliveira, Carlos Carvalhal, entre outros. Treinadores sem trajetória nem conquistas que os amparem.  Mas o interessante é que em dado momento resolvi questionar um companheiro de ofício a respeito, e o camarada - em tom um tanto sério - fez questão de me lembrar que os dois últimos treinadores que venceram a Libertadores  são portugueses, e que o bicampeão aqui aportou sem trajetória e sem conquistas.  

Seria um tipo de superstição?  Detalhes que me fizeram concluir que tão complicado quanto entender a economia do futebol é desvendar todas as conexões, razões e interesses que se escondem por trás da escolha de quem, até que provem o contrário, vai mandar no time. Gallardo que não virá, pois na tarde de ontem anunciou a permanência dele no River,  mostrou ter o que nos ensinar ao contar em sua comissão com um neurocientista.

Muito se fala também que os treinadores argentinos brilham na Europa, enquanto os brasileiros mal conseguem atravessar nossas fronteiras. O que não se fala, é que em outros tempos treinadores brasileiros tiveram vez - e brilharam - na Argentina. Brandão com o Independiente. Tim, ex-jogador da Portuguesa Santista, com o San Lorenzo, sendo campeão invicto. E , vejam só, o mestre Didi, que na época colocou uma garotada pra jogar por lá - bateu o Boca - e deixou um legado, adivinha pra quem? Para o River.  Isso mesmo, o River Plate, de Gallardo.  

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