quarta-feira, 10 de abril de 2019

Um capítulo insuperável

Renato Pizzutto/BP Filmes
A história do Campeonato Paulista continuará a ser escrita no final de semana mas seu penúltimo capítulo, o clássico entre Palmeiras e São Paulo, dificilmente será superado em matéria de acontecimentos.  Tudo bem, o capítulo escrito por Santos e Corinthians teve muito charme, graças ao time de Sampaoli que se mostrou valente. Enquanto o Corinthians deu à sua torcida uma classificação envergonhada, depois de um jogo que também acabou com uma disputa por pênaltis. Disputa que se não vem a ser uma loteria, como dizem, é quase sempre impiedosa. Mas não há comparação. Tomara que eu esteja errado.

E se os capítulos que ainda serão escritos conseguirem superar este penúltimo que seja em razão de grandes lances ou detalhes enriquecedores como a boa vibração dessa geração de garotos são-paulinos e não por nenhuma ocorrência que possa se revelar mais desastrada do que a encenada pelo técnico Luiz Felipe Scolari  ao dizer que  depois de ver o assistente de vídeo anular um gol do time dele pensou em tirar os jogadores de campo. E não deixemos de levar em conta - para poder medir o tamanho da bizarrice - que Deiverson , o autor do tento, estava realmente impedido. Logo, a anulação correta. 

Eu até acho que caberia discutir se um pé na frente do último marcador deveria mesmo ser razão para invalidar um momento tão sublime do jogo. Mas aí se trata de uma outra questão, que jamais serviria de amparo a uma atitude como a sugerida pelo treinador palmeirense. Mas bizarrices são bizarrices, sabemos todos. Aproveito e uso a citação para servir de ponte com uma outra questão. Faz tempo que ouvimos dizer que os treinadores ganharam muita importância. Talvez esteja aí uma grande prova.  Felipão teria mesmo poder pra tal, ou se tivesse acontecido não teria passado de uma sandice? Até onde vai o poder de Felipão no clube?  

Se imaginarmos tudo o que representa o Palmeiras jogando uma semifinal, os milhões ali investidos, a vontade de cada jogador do elenco, os milhares de torcedores nas arquibancadas e levarmos em conta que ele poderia, sem consultar ninguém, ter alçada para decretar uma coisa dessas é de arrepiar.  É fato que atos intempestivos nunca precisaram de alçada, mas ser intempestivo tem limites.  Será que Felipão com sua falta de paciência evidente, em especial  com a imprensa, tinha visto quantas injustiças o tal assistente de vídeo tinha reparado só no dia anterior em outras semifinais estaduais? Demorando uma eternidade é verdade.  Mas essa também é uma outra questão. 

O acusam de não ser um treinador moderno. Coisa que em última instância ninguém tem obrigação de ser. Agora, não aceitar algo moderno e que em termos gerais não foi imposto, que teve a anuência dos clubes, beira a rabugice.  Este fato já seria suficiente pra dar ao penúltimo capítulo da trama um tom de insuperável. Mas fora ele tivemos o destino sendo caprichoso. Ricardo Goulart - que Felipão fez questão de ir buscar lá na China - errando um pênalti depois de despontar como um dos maiorais do elenco alviverde. O goleiro tricolor Tiago Volpi fazendo uma defesa memorável, no minuto seguinte colocando tudo a perder cobrando mal um pênalti que poderia ser decisivo, e na sequência , com outra defesa , voltando a ser herói. Detalhes de um enredo difícil de superar. Isso sem falar na cavadinha sensacional de Gonzalo Carneiro. Madre mia. Bom, que venham as finais.    

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