quarta-feira, 3 de abril de 2019

Esse tal de VAR

Estamos todos diante de um momento raro. E o conselho que lhes dou é aproveitá-lo ao máximo. Tudo passa nessa vida e com o que vou aqui registrar não será diferente. Falo do surgimento do árbitro assistente de vídeo que acaba de chegar para mudar de vez o universo de boleiros e afins. Já escutei por aí que se trata da maior inovação do futebol mundial desde que a Holanda de Rinus Michels nos idos de 1974  mostrou que era possível  ao futebol flertar com o caos, e em grande estilo.  


Modestamente vos recordo que havia adiantado: depois do VAR nada seria como antes. Aliás, nada jamais foi. Mas agora a coisa é séria. E se querem uma dica das boas eu lhes dou: da próxima vez que for encontrar aqueles amigos para quem falar de futebol é quase uma religião leve consigo uma cópia das regras do tal árbitro de vídeo.  Verá que lances como aquele do Campeonato Paulista do ano passado quando o juiz em plena final  deu  - e depois tirou - um pênalti para o Palmeiras é fichinha perto do que pode provocar um protocolo do Var numa mesa de bar, ou numa roda de gente interessada pelas questões do tipo. 

Será inevitável, no entanto, em dado momento pintar algum espertinho que dirá que esse ou aquele lance é uma questão de interpretação. E a partir daí estará instalada a bagunça. Essa mesmo que andamos farejando por aí.  Confesso pra vocês que no fundo já não sei se a discordância  nasce do fato de querer abraçar a evidência da interpretação ou do fato de achar que seria possível não estar num momento ou outro condenado a ela.  O que eu sei e, se não me engano, também  foi dito aqui anteriormente, é que houve um tempo em que a interpretação tinha algo de viável.

Desde o início se falou muito - ainda que isso em nenhum momento tenha passado a ser prioritário na cobertura esportiva - sobre a necessidade de se gravar as conversas entre as partes. O árbitro em campo e a rapaziada que fica trancada na sala. Na Copa, por exemplo, essas conversas foram gravadas, mas a FIFA tratou de não permitir a divulgação. Seria transparência demais pra ela.  Como proibições em geral têm o poder de turbinar nossa imaginação, penso que o que se tem conversado por lá deve andar tendo teor  e estilo muito parecido com os papos  que os torcedores andam travando por aí.  


A certa altura diz lá o regulamento que  as decisões originais tomadas pelo árbitro não mudarão, a menos que a revisão de vídeo claramente mostre que a decisão foi um erro claro e óbvio.  Como se em matéria de futebol certos lances passam longe de serem óbvios e claros. Enfim, sugiro que o pessoal lá da salinha segure um pouco a onda. Pois empolgados com o brinquedinho tenho a impressão de que andam dando palpite a torto e a direita e deixando a autoridade lá embaixo em certas roubadas sem tamanho. 

Mas isso é problemas deles. À você que se diverte tirando aquela casquinha do rival ou alimentando pontos de vista discutíveis só pra ver o circo pegar fogo o momento é único. Agora se, por outro lado, estiver cansado do assunto vale lembrar que à noite Santos e Portuguesa Santista estarão em campo, um pela Copa do Brasil e o outro brigando por um lugar na elite do futebol paulista. Tudoo sem VAR, como antigamente. 

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