quarta-feira, 15 de agosto de 2018

E aí, o Santos cai ?

Nos últimos dias a pergunta que mais ouvi foi aquela que o torcedor santista, se não ouviu, talvez tenha proferido. E aí, o Santos cai? Os homens que comandam o clube, se já não estão, deveriam ficar de cabelo em pé. O motivo é óbvio: o simples fato de a questão andar nas cabeças e nas bocas  torna evidente o momento preocupante que o time atravessa. Não tardará para que alguém lembre que situação parecida o torcedor santista viveu na temporada passada quando ao fim dela acabou garantindo essa vaga na Libertadores. Vaga que Cuca e o elenco terão de defender na próxima semana encarando o Independiente, em Avellaneda. 

Tratar a temporada anterior e a presente como se fossem iguais pode ser fatal. A reflexão que faço é a seguinte, mas pra chegar até ela é preciso driblar certos dogmas porque quando se trata de futebol a impressão que tenho é a de que é muito raro que um clube preste tire lições da história vivida por um outro. O que não deixa de ser um dos muitos sintomas pouco nobres causado pela rivalidade.  Mas há sim um sem fim de exemplos que poderiam ser lembrados. Um deles, por exemplo, é o de que o Palmeiras em uma das vezes em que foi castigado com um rebaixamento era visto quase de maneira unânime como um time que não daria ao torcedor esse imenso dissabor. Diziam aqui e acolá: não é time pra cair. Pois caiu! 

Mas o grande  exemplo pra ser levado em conta na minha opinião é o do atual líder do Brasileirão, o São Paulo, que acaba de voltar a figurar na ponta da tabela depois de cento e quarenta e três rodas longe dela.  O calvário vivido pelo tricolor nos últimos tempos não foi, na minha visão, predominantemente técnico. Esteve em muitas ocasiões, inclusive, bem distante disso. Foi, antes de qualquer outra coisa, uma requintada mistura de elencos que não deram liga com um momento político conturbado, de administrações equivocadas e decisões desastradas. É possível que um time esteja acima de tudo isso? Certamente é. Mas o normal é que um certo caos político torne tudo muito mais difícil. E para embasar a urgência do momento poderia citar aqui várias notícias que andam preocupando os torcedores do time da Vila. Nesse sentido, não pode haver sintoma mais agudo do que um mandatário - em um brevíssimo espaço de tempo - ver cair por terra a convicção de boa parte daqueles que o ajudaram a se eleger. 

A falta de apoio é corrosiva e a nossa realidade nacional tem feito questão de nos lembrar isso dia após dia. A legitimidade é coisa impossível sem o voto, mas em geral precisa ser mantida com certos preceitos que estão além dele. E que não se enganem os que têm o dever de colocar o Santos em bom caminho porque a história que têm nas mãos só será honrada com algo que vá além daquele sentimento de salvação e alívio que costuma tomar o peito de quem se afasta de uma zona de rebaixamento. Posso até cometer a quase imprudência de dizer: não cai. E se digo quase imprudência é porque ao pé da letra ninguém está à salvo do purgatório do descenso. Agora, se algum dos envolvidos com o time santista a essa altura dos acontecimentos em sã consciência anda pensando assim eu retiro prontamente o que aqui vai escrito. E por hora mais não digo

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