quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Nosso esporte é reflexo da política

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Nós, jornalistas, estamos longe de fazer cara de espanto quando ficamos sabendo que o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro foi parar atrás das grades. E não vai nisso nada de sobrenatural. Basta casar algumas informações para desconfiar de como as coisas se dão. O esporte a política adotam comportamentos semelhantes, por mais que os políticos tratem o esporte com desdém. Ainda que seja pelo esporte que muitos consigam um lugar no legislativo e afins. Todo mundo sabe que os Ministérios que todos querem são outros. E justamente por não ser forte o de Esportes é a última das moedas de troca. 

Essa falta de atenção é mais um sinal da nossa ignorância.Um país grande como o Brasil poderia, até mais do que os pequenos, obter resultados econômicos interessantes se encarasse o esporte como meio de cuidar da educação e da saúde da população. Alto rendimento viria depois. E se a ele dispensasse outros montantes duvido que não apareceriam homens de bem interessados em tê-lo para seus partidos. Tanto na política quanto no esporte os nomes se perpetuam. A cara de pau é a mesma. Os cargos são passados de pai pra filho. Tanto em um  como no outro os donos do poder cansam de dizer que estão ali porque descobriram em si a vocação para servir. 

E o pior é que tanto na política quanto no esporte estamos num deserto de homens. Embora dada a pobreza do nosso quadro político o esporte ainda possa se arvorar de levar ligeira vantagem, graças a nomes como Ana Moser, Raí. Mas é possível notar neles certo receio. E é compreensível que seja assim pois têm um nome e uma carreira limpa a zelar. E a CBF que está na moita - e lá permanece graças a falta de ação das autoridades competentes - é parte integrante desse quadro. Com a diferença de não ter tido um presidente na época capaz de ir até o fim acumulando o posto de presidente do Comitê Organizador, como fez Carlos Nuzman com a Rio 2016. 

Dois anos antes da Copa Ricardo Teixeira saiu de cena. O Acumulo no caso de Nuzman foi apontado pelo Tribunal de Contas da União como conflito de interesses, já que havia um contrato de cento e setenta milhões entre as entidades comandadas pelo mesmo dirigente. E no ano passado o COB recebeu da Lei Agnelo/Piva cerca de duzentos milhões de reais. Dinheiro público que certamente ajudou Nuzman a se manter no poder. Na minha opinião o que o Brasil precisa, além de uma faxina retumbante, é encarar o esporte como um meio de educar e cuidar da saúde. O único caminho sério e justo para um país subdesenvolvido como o nosso. Desse modo, acredito, os campeões acabariam aparecendo. 

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