quarta-feira, 19 de julho de 2017

O enredo do Brasileirão


A arrancada do Corinthians nas primeiras rodadas do Brasileirão deixou no ar a possibilidade de o campeonato perder a graça. Não há dúvidas de que um desfecho relâmpago na corrida pelo título esfriaria tudo. Mas prefiro pensar, por hora, que apressado se faz tirar qualquer conclusão do que temos visto. Esse início maluco, desconfio, é apenas o futebol zombando - mais uma vez - da nossa pretensa e equivocada capacidade de prever o que ele nos reserva. Os corintianos nunca estiveram tão orgulhosos de serem tidos tempos atrás como a "quarta força". 

Por outro lado temos nisso um começo de Brasileirão surpreendente. E pra mim é essa uma das virtudes mais nobres desse jogo de bola. Assim, de repente, o Corinthians se revelou o time a ser batido. Um time com a fina capacidade de tirar máximo proveito do conjunto, um time comandado por um treinador que está longe de ser tido estrela. E esses detalhes devem ser levados em conta diante da realidade que temos vivido. Tenho a nítida sensação que a matemática, que tem tornado clara a diferença que separa o Corinthians dos outros, fará também multiplicar a pressão a cada nova rodada. Isso sem falar na secação dos adversários que a esta hora já anda elevada à décima potência. 


Por falar na nobre arte de secar vale aqui fazer alguma reflexão sobre a realidade vivida pelo time do São Paulo. De alguma forma parece existir aí uma prova do quanto os interessados em futebol resistem em concebê-lo como um jogo de alma impiedosa e imprevisível. Nesse sentido, desde que virar a mesa não se fez mais possível, temos visto de tudo. Times que tinham elenco pra não cair, mas caíram. Times que pareciam que jamais iriam cair, mas caíram. E ainda assim sinto pairar no ar certo desdém com relação a essa possibilidade quando se fala do São Paulo. Sou capaz de entender onde se amparam as opiniões, mas acho prudente levar a possibilidade em conta, até para que as atitudes para tirar o time desse limbo em que se encontra sejam mais contundentes. É isso que o momento pede. 

O passado dos pontos corridos tem deixado claro que o calvário do descenso, via de regra, não tem se dado somente pela falta de um time competitivo mas principalmente por uma combinação de fatores que juntos levam ao abismo da degola. E fatores pra formar este caldo não faltam à história recente do time do Morumbi. Corinthians e São Paulo, cuja rivalidade nos últimos anos foi às alturas, provam neste momento que o Brasileirão que andamos testemunhando pode não ser uma maravilha mas tá longe de ter até aqui um enredo banal.                    

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