sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

O novo técnico do Palmeiras

Foto: Antônio Carneiro/Pernambuco Press

Assumir um dos grandes times do país. Sob o vapor da euforia causada pela conquista de um título de Campeonato Brasileiro. Coisa que o clube não vivia há mais de meia década. Assumir o posto que era ocupado até alguns dias atrás por um treinador que, talvez, só não seja visto como páreo para o atual técnico da seleção brasileira. O desafio aceito por Eduardo Baptista e proposto a ele pelo Palmeiras é imenso.

Eduardo chegou lá trilhando um longo caminho como preparador físico. Nessa condição, tendo como suporte toda a vivência do pai, Nelsinho Baptista, conheceu o cotidiano profissional de clubes como Flamengo, Santos, Corinthians. Ao se tornar treinador no Sport, do Recife, conseguiu algo que costuma ser raro aos treinadores: tempo para trabalhar. Foi reconhecido na qualidade de campeão estadual e da Copa do Nordeste.  

Mas pelo que disse na época sentiu que o tempo no Sport estava pra terminar. Fez, então, o  quase óbvio caminho de quem se mostra capaz, acertou com um time de ponta, o Fluminense. Com ele, que tinha chegado no início de setembro, o Flu não caiu, mas foi eliminado na Copa do Brasil. O que sobrou de fôlego o estadual do ano seguinte consumiu e Eduardo se despediu das Laranjeiras antes de fevereiro deste ano terminar.

O capítulo seguinte vivido pelo ex-zagueiro, de carreira breve, que chegou a ser Campeão da Copa São paulo de Futebol Júnior com o Juventus, foi comandar a Ponte Preta, que como o torcedor deve lembrar deu caldo. Com ele o time de Campinas encerrou o Brasileirão em oitavo lugar. Ainda não tenho uma opinião formada a respeito de como o torcedor palmeirense o vê, Sob o ponto de vista do clube, me pareceu uma escolha diferenciada, que driblou o óbvio em matéria de contratação de treinadores. E isso não é pouco quando se trata de futebol brasileiro.   

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Enfim... o recurso eletrônico !

Foto: Reuters

O mais triste no fato de o juiz da partida entre o Kashima Antlers e o Atlético Nacional não ter tentado - no primeiro lance da história do futebol "oficialmente" analisado de modo eletrônico - que o jogador em questão estava impedido é dar margem para que o erro seja apontado como decisivo para o resultado do jogo. Verdade? Exagero?

Mas a lição que fica é uma que todos os simpatizantes do "recurso" não fizeram questão de levar muito em conta: ele não terá capacidade pra diminuir expressivamente a presença das intituladas polêmicas na hora de interpretar os lances. A complexidade do futebol - ou talvez a do olhar do homem sobre ele - não permite. Usá-lo pra dizer se uma bola ultrapassou, ou não , a linha do gol é uma coisa. Imaginar que armado de tal recurso a interpretação do jogo será simples, quase inocência.

De qualquer modo, o Kashima tá de parabéns!

E o Atlético Nacional também por tudo o que fez
e que sabemos...não foi pouco.       

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

O Cuca e o Osvaldo

Foto: Agência Palmeiras
Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

Os dois treinadores citados acima podem ser vistos, sob certa ótica, como as notícias do dia. Cuca está de peito aberto em entrevista que abre o caderno de esporte da FOLHA. E os navegantes do mundo virtual também encontrarão o homem que levou o Palmeiras ao título do Brasileiro em entrevista concedida à ESPN nos bastidores da premiação do Troféu Bola de Prata. Dias atrás já tinha considerado muita precisa a resposta dada por ele ao ser questionado sobre o que disse Renato Gaúcho sobre a necessidade de um treinador estudar.

Cuca driblou a polêmica fazendo o entrevistador ver o óbvio. Em linhas gerais, afirmou ser bem diferente do colega. Disse que se ele dá tudo pra não entrar em polêmica, Renato, por sua vez, quase não consegue falar sem criar uma. Cuca foi além, afirmou que " se não sentir falta, talvez nem volte ao futebol".Sugeriu ainda querer notar se o futebol sentirá a falta dele. Confessou cansaço mental. Falkou da dificuldade que é lidar com todo um elenco. Da relação que mantém com os bichos. E fez ver também o quanto o rótulo de supersticioso lhe foi imposto pela mídia, ao comentar sobre a calça vinho que gosta de vestir.  ão é só o campo que revela as razões de um sucesso.

Sucesso que Osvaldo de Oliveira esteve longe alcançar no breve tempo em que esteve no comando do Corinthians neste final de temporada. E quando digo sucesso é porque considero que se tivesse conseguido colocar o time na Libertadores de alguma forma teria sido bem sucedido. Fosse qual  fosse o futebol apresentado. A pressão sobre o presidente do clube é grande. E se o mandatário realmente disse ao treinador que ele seguiria no comando independentemente do que acontecesse este ano, a situação é mais delicada ainda. Osvaldo ficará? A pergunta deve ser respondida logo.

Mas seja qual for o ofício, trabalhar em ambiente hostil nunca é o ideal. Mas quando se trata de técnicos de futebol talvez isso venha a ser comum. Pode ser. Sendo assim é até possível que resida aí um dos muitos motivos para o grande número de demissões que vemos a cada temporada. Diante disso não descarto a possibilidade de que não continuar no cargo seja uma decisão acertada até mesmo para Osvaldo de Oliveira. De outro modo, terá deixado transparecer uma certa queda por desafios do tipo tudo ou nada.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

A hora é de Cristiano Ronaldo ?

Foto: AP

Cristiano Ronaldo acaba de ser eleito o "Bola de ouro" da France Football. Repete, portanto, o feito de 2008 quando foi eleito pela primeira vez. O português também ganhou o prêmio em 2013 e 2014, período em que a revista francesa se uniu à FIFA na premiação. Não é o mais laureado, Façanha que pertence ao preciso Lionel Messi que até hoje já desfrutou do momento cinco vezes. Cruyff, Platini e Van Basten foram eleitos três vezes cada.

Para quem viu o argentino levar a melhor na última vez deve ter sido um alento. E vale lembrar que Cristiano Ronaldo está também entre os três que disputam o prêmio de melhor do mundo da FIFA, ao lado de Messi e Antoine Griezmann. O vencedor será anunciado no início do mês que vem. Campeão da Copa dos campeões da Europa e da Eurocopa, até então inédita para Portugal, difícil dizer que não é a hora dele.

Muito se diz do gajo, que tem uma história de vida daquelas e uma vaidade que parece maior que o mundo. Mas não dá pra não  reconhecer o alto nível físico e técnico que atingiu e que , incrivelmente, vem mantendo há muito tempo. E por isso os que não escondem de ninguém que querem chegar lá devem o ter como personagem no qual se espelhar. 

Diria que a hora é dele, sim. Mas sabe como é... temos aí um detalhe: uma vez separados, o Bola de Ouro é escolhido apenas por jornalistas, e o Melhor do Mundo da FIFA por votação popular, por jornalistas e pelos capitães e técnicos de seleções. O que pode revelar que a preferência de alguns não seja a mesma de outros. Mas se não fizerem disso uma simples questão de gosto...dará Cristiano Ronaldo! Não acham?

sábado, 10 de dezembro de 2016

Essa é do Brasil pós-Copa


Não que o CADE seja rápido pra resolver grandes questões. Os mais atentos irão lembrar que o órgão demorou quase uma década e meia para decidir sobre como deveriam ser negociados os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro. E, ainda assim, quando decidiu levou um drible daqueles e nada fez para que o que tinha sido decidido fosse respeitado. 

Pois o nosso Conselho Administrativo de Defesa Econômica recentemente firmou um acordo de leniência com a Construtora Andrade Gutiérrez. Acordo no qual constam detalhes sobre a formação de cartel entre as empreiteiras para fraudar licitações referentes a construção e reforma de estádios para a Copa do Mundo. 

É dessas leituras que "espantam" por, no fundo, não nos causar espanto. Como tanta coisa que anda sendo revelada sobre nosso futebol e sobre nosso país. Claro, como poderíamos nos espantar?Vivíamos tendo essas revelações como parte da realidade. Só não havia fatos, comprovações. Trata-se da mesma sensação que nos tomou quando grandes dirigentes do mundo da bola acabaram em cana durante uma estada naquele luxuoso hotel da Suíça. 

Ou alguém duvidava que não era assim? Com tudo acertado antes. Com preços turbinados pra poder dar conta de pagar todo mundo. Jamais bastou dizer que era só comparar o preço dos estádios que estavam sendo erguidos por aqui com outros erguidos ao redor do mundo. Isso sem falar em todas as benesses, todas as isenções. Até o aço e o cimento das Arenas os envolvidos quiseram trazer com subsídios. 

E pouco se fala sobre o que está sendo acordado.Seja na esfera esportiva, política, ou outra qualquer. O que foi tratado não teve contestação. Terá sido coisa tão equilibrada e legítima assim? Ou nossos homens de bem estão perto de fazer nosso país, além de tudo, passar a ser visto como o país em que o crime passou a compensar? Ao menos para os que têm bons advogados. Aos que ostentam cacife pra jogar esse jogo.


* Leia matéria de Pedro Lopes e Vinicius Konchinski sobre o assunto:
http://bit.ly/2hjlp5K


    

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Outra do Brasil pós-Olimpíada

Basta ler o primeiro trecho da matéria de Aiuri Rebello e Guilherme Costa, do UOL, São Paulo.
A sensação que fica é a de que tudo é mesmo uma esculhambação.

Trecho:

O TCU (Tribunal de Contas da União) encontrou irregularidades em pelo menos 61% das verbas públicas destinadas ao esporte brasileiro nos últimos três anos, em todos os níveis. Em relatório publicado na última quarta-feira (07), o órgão apontou uma série de problemas em repasses de Lei Agnelo/Piva e Lei Pelé feitos pelo governo federal a COB (Comitê Olímpico do Brasil), CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro), CBC (Confederação Brasileira de Clubes) e dez confederações escolhidas por amostragem. Segundo o texto, de um total de R$ 337 milhões, pelo menos R$ 207 milhões são passíveis de devolução à União

A matéria completa pode ser lida aqui:
http://bit.ly/2h8wwOg 

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

O futebol sobrevive

Estou no meio de uma gravação. Olho da cadeira de onde estou sentado. Tenho à minha frente o ex-goleiro do São Paulo e da Seleção Brasileira, Waldir Peres, e ao lado dele, o ex-ponta-esquerda Zé Sérgio. A conversa segue. E ao mesmo tempo em que ouço o que está sendo dito minha cabeça me transporta pra um tempo em que eu era menino. Repentinamente a imagem do garoto que eu era se forma. O chute vem no alto, do lado direito. Sem pensar muito em atiro em direção à bola. Ao tocá-la a comprimo entre as duas mãos. Quando vem a certeza de que não irá mais me escapar solto o grito: Waldir Peeeres! Isso enquanto meu corpo desaba no chão de cimento da garagem do velho prédio em que morávamos castigando um pouco mais meus cotovelos. Não há dor nisso, nada. 

Quando volto ao papo decido dividir com eles o que em mim se revelou como uma dúvida: será que as crianças hoje em dia ainda gritam o nome de alguém na empolgação inocente que o futebol costuma provocar? Para dar sentido ao que está sendo dito explico a razão da pergunta. Falo da minha mania de moleque de gritar os nomes dos jogadores que eu gostava, e que não era só o nome do Waldir que me saltava da boca. O de Zé Sérgio também. Mas é bem verdade que minhas escapadas pela ponta eram bem menos brilhantes do que eu conseguia ali embaixo da trave, ou na maior parte das vezes entre um chinelo e outro mesmo. 

É, mas o mundo girou e o tempo já não me dá o direito de saber - e muito menos desfrutar - do que podem as crianças hoje com uma bola nos pés. Hoje só me é dado descobrir as emoções de quem flerta, muito de perto, com meio século de vida. E se isso vem à tona agora nesta linhas é em razão de tudo o que vivemos nos últimos dias, em razão de uma tragédia ter inundado de lágrimas a página mais bonita que o futebol brasileiro escreveu nesta temporada. E que ao dilacerá-la revelou uma face do futebol que andava escondida e que eu, com minha descrença, dava até como perdida. A face que faz desse jogo de regras simples um catalisador da nossa emoção. Que nos permite comungar com quem nunca vimos, que nos permite sentir a dor de alguém que sequer conhecemos. 

Um jogo que desde sempre se alimentou de emoções profundas, honestas, e que ao dar de cara com essa combinação já rara, se agiganta. O vivido deixa entre tantas lições a de que o futebol segue entre nós com sua alma intacta. Dependendo, como sempre, do homem, de boa intenção, de ser tratado com nobreza. Oportunistas existirão sempre. Gente que se contenta com o universo medíocre dos resultados idem. Gente que se nega a vestir a cor do rival. Mas enquanto houver aqui, ali e acolá, um menino voando em direção a uma bola, com um sorriso estampado no rosto gritando o nome de alguém que o faça sonhar... o futebol sobreviverá. 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Palmeiras: brilhante e regular


É fácil entender a razão que levou o Palmeiras ao título: não ter dado mole para o azar. Ou mais catedraticamente falando,mostrar em campo uma regularidade que passou longe de todos os outros times. Em especial do Santos que, no final das contas, se viu no papel de ser o grande desafiante da esquadra palmeirense. E que se não conseguiu levar às últimas consequências essa possibilidade foi justamente por não ter demonstrado tal virtude, a de ser regular. 

Mas mesmo sem ela a temporada do time da Vila Belmiro obteve o reconhecimento do torcedor, que não costuma fazer isso diante de qualquer situação. E é bem possível que esse contentamento venha do fato de o futebol da equipe santista ter se imposto como dos mais vistosos entre todos os que vimos ao longo desta temporada.  E até pelo time ser dono desse tipo de jogo explicar a falta de brilho de algumas apresentações do Santos se revelou também um desafio. Talvez estejamos diante de um time dono de um tipo de futebol que depende muito da inspiração e quando ela não vem a coisa engrossa. 

Não que eu ache justo o veredicto que anda aí exposto de que o time do Palmeiras não apresentou um futebol de encher os olhos. Digo que aceito tal colocação, mas como um crítica do conjunto. Ainda assim seremos obrigados a reconhecer que só um conjunto que funciona pra valer alcança a tal regularidade. E individualmente, há brilho sim. Afinal, estamos diante do Palmeiras de Gabriel Jesus, que mesmo que não tenha causado o mesmo arroubo depois de um certo momento mostrou-se virtuoso. O Palmeiras de Zé Roberto, que pode já não ter o fôlego ideal em lances que exijam certa explosão mas que sabe das coisas. O Palmeiras de Yerry Mina, Jaílson e por aí vai. 

E não custa lembrar como esse elenco palmeirense era visto quando Cuca baixou na Academia. Um elenco que de tão grande e diverso afirmavam ser impossível de administrar. Um elenco sem um miolo, sem um time definido. Tarefas que Cuca tomou pra si e cumpriu com louvor. E ao levar em conta o destino do treinador, apresentado no último mês de março, até no tamanho do contrato ele acertou. Seja por uma questão pessoal que o impediu de continuar, ou tivesse sido por uma proposta surreal da China, a verdade é que no lugar dele outros poderiam ter crescido o olho e batido o pé por um contrato maior, já que dinheiro não tem sido há algum tempo o problema do Palmeiras. Mas Cuca ao chegar assinou só até dezembro deste ano. Portanto, se despede sem viver o que é quase uma regra entre aqueles que ocupam esse tipo de cargo: dizer até mais sem ter cumprido o contrato até o fim.