quinta-feira, 11 de junho de 2015

Nem tudo é velho !


Na semana passada fiz questão de dividir com vocês a minha sensação de que os acontecimentos que abalaram o mundo do futebol, vistos por certa ótica, não traziam ingredientes novos. No entanto, vale notar que nem tudo é velho. E nesse sentido o caso envolvendo a França e a Irlanda é emblemático. Ficamos sabendo agora que bastaram alguns milhões de euros para fazer a Irlanda se calar diante daquela mão na bola indecente que acabou classificando a França para a Copa do Mundo da África do Sul. Um dirigente irlandês admitiu que esse foi o valor acertado para que a Irlanda não entrasse com um recurso contra o lance polêmico.

Outro detalhe que merece atenção é a manobra que está sendo ensaiada pela CBF para mudar o estatuto da entidade. O que deve se confirmou na reunião extraordinária realizada hoje. Mudar as regras para driblar a realidade não é novidade, mas dessa vez revela a dimensão da preocupação e da urgência que anda rondando a cabeça dos altos dirigentes do futebol brasileiro. Com a tal mudança Del Nero poderá permanecer no cargo por doze anos. E, apesar de ninguém por lá admitir, não deixa de ser uma virada de mesa. E pensar que andamos nos vangloriando de que futebol brasileiro estava livre delas. 

Mas novo mesmo pra valer é ver o presidente dos Estados Unidos, em plena reunião do G7, o poderoso grupo formado pelos sete países mais industrializados do mundo, arrumar um tempo para falar da FIFA, das investigações em curso e dizer que as pessoas precisam ter certeza de que o futebol é disputado com integridade. Tão novidadeiro quanto a fala de Obama seria o governo brasileiro aproveitar o momento e impor aos clubes as medidas inicialmente propostas na medida provisória que trata do refinanciamento das dívidas dos clubes. Mas é bom abrir os olhos pois pelo visto os cartolas não estão tão frágeis assim. 

Creio que se estivessem o relator da mesma - o Deputado Otávio Leite - talvez tivesse pensado duas vezes antes de apresentar um relatório inicial que desfigura a medida. A briga é boa. E prova disso é notar a estratégia que a CBF passou a adotar depois da chegada de Marco Polo Del Nero à condição de presidente, ou seja, antes mesmo da bomba estourar. A estratégia foi trazer para a CBF uma série de políticos. Além de ter feito Walter Feldman secretário-geral da entidade, fez também de Vicente Cândido, antigo aliado, diretor de assuntos internacionais. E de Marcelo Aro, deputado federal como Cândido, o responsável por uma recém criada Diretoria de Ética e Transparência. Resta saber se desse jogo de forças saíra algo novo, ou velho.

* Foto Obama /AFP

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