quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Pobres ricos


Onde está refletida a grandeza do nosso futebol além de na imensa paixão dos brasileiros pela arte de jogar bola? Nos quase solitários lances geniais de Neymar? Digo quase solitário porque entendo que poucas são as coisas e pessoas que podem lhe fazer companhia nesse sentido. Talvez o futebol destemido do tricolor Lucas ou os lances bonitos que têm sido desenhados por Bernard, do Atlético Mineiro. Ou quem sabe o futebol maduro de nomes como Juninho Pernambucano e Ronaldinho Gaúcho. E onde mais somos grandiosos?

Nossos estádios são de arrepiar. Mas não faltam especialistas tentando nos convencer de que o nosso futebol está em pleno desenvolvimento. Enquanto esse dia não chega vamos nos divertindo comendo um sanduíche de pernil na porta do estádio e engolindo uma média de público que em nada nos engrandece.

Dias atrás fiquei sabendo que o Flamengo estava recorrendo a um banco para pagar salários. Mas o que me chamou a atenção é que dessa vez o clube não iria recorrer ao BMG e sim a um outro banco que cobra juros maiores, isso porque o balanço de 2011 não tinha sido aprovado e nele já constavam mais de quarenta milhões de reais em empréstimos com o BMG. Se você acompanha futebol certamente já viu a marca por aí. E provavelmente estampada na camisa do seu time !

E a notícia sobre o Flamengo me fez lembrar que o banco BMG, que teve seu dono condenado a sete anos de prisão em um processo desmembrado do mensalão, tem nada mais nada menos do que duzentos cinquenta e três milhões de reais a receber só de clubes da série A. Valor que pode ser ainda maior já que alguns clubes apontam em seus balanços apenas os empréstimos sem citar o credor. Percebem como estamos perto de nos tornar primeiro mundo?

O BMG este ano está em seis dos vinte clubes da primeira divisão. No ano passado chegou a estar em trinta e nove camisas diferentes. Ok, endinheirados com grandes fatias do negócio existem em outros lugares. Mais preocupante então é saber que o Atlético Mineiro deve noventa milhões de reais ao dono do BMG, Ricardo Guimarães, que foi presidente do clube entre 2001 e 2006.

Uma mistura terrível de interesses que ao longo da história vem corroendo o balanço de muitos clubes brasileiros. E foi justamente aí que eu me peguei pensando: onde está refletida a grandeza do nosso futebol além de na imensa paixão do brasileiro pela arte de jogar bola? Nas cifras? Então, não passamos de pobres ricos.


Nenhum comentário: