sábado, 17 de novembro de 2012

O Palmeiras no Bar do Zé


Fazia muito tempo que não ia ao mítico Bar do Zé Ladrão. Falo visita de verdade. Não conto aí as vezes em que voltando da feira dou uma parada pra filar um cafézinho. Mas como ia dizendo, estive lá dia desses. Na chegada, depois de cumprimentar figuras como Edson Santista e Alfredinho Juventino, percebi que ao fundo o distintivo do Palmeiras estava colocado sobre o do Corinthians. Talvez um modo velado que o Zé encontrou de equacionar o momento atual.

Não perguntei na bucha pra não provocar assunto explosivo, mas a conversa acabou indo parar no time palestrino. Percebi que o Zé foi respeitador. Mas quando o bar esvaziou um pouco ele encostou do outro lado do balcão e retomou o assunto. Fez considerações sobre o que levou o Palmeiras a essa situação dramática e, para minha surpresa, abriu o coração. Deixou escapar imensa mágoa.

Disse não ter esquecido o que fizeram com ele quando o Corinthians viveu drama parecido. Olhou os que ainda estavam presentes, disse que perdoava o Vavá - torcedor do Galo - e também os ppalmeirenses Luiz e Papagaio, para em seguida lembrar o sarro que na época lhe foi imposto por outros frequentadores, digamos, mais cruéis, como Ricardo Caricato, figura que pela força do apelido vocês podem imaginar. A esse, palmeirense fanático, não sugiro frequentar o Bar nos próximos dias.

Seo Zé, na condição de antiquíssimo morador do bairro, se mostrou até preocupado com a nova Arena do Palmeiras. "Fizeram piscinão? O rio passa ali. Você sabe, né?", disse o Zé. Para quem não conhece, o bairro da zona oeste paulistana tem ladeiras imensas que nos dias de chuva aceleram as águas... e é lá na baixada do estádio que elas vão desaguar.

Zé é corintiano, mas vivendo tantos anos em reduto palmeirense entende como poucos a alma italiana. Se um dia passar por lá peça pra ele te contar onde é que ficava a Calábria. E pergunte a ele se os caras que moravam lá levavam desaforo pra casa. É por isso que o Zé não estranha os ânimos exaltados, nem entre os conselheiros. " Os caras andam trocando sopapos, pernadas, veja só!", diz o setentão Zé Ladrão, ciente de que respeito nada tem a ver com divisão.

É! Mas é bom o tal Ricardo Caricato pensar duas vezes antes de aparecer por lá.


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