quinta-feira, 20 de setembro de 2012

E o Felipão?


Dizem que ter em si algo do cotidiano é a alma de toda boa crônica. Sem isso as linhas, ainda que elaboradas com esse intuito, podem se transformar em tudo, até num venerável texto literário. Crônica, jamais.

Tal pensamento me ocorreu diante da ideia de dividir com vocês uma dificuldade. Não uma dificuldade que todo cronista, às vezes, é levado a dividir com o leitor. A de escrever. Outro dia mesmo li uma bela crônica do Veríssimo. Era sobre musas, mas no fundo, no fundo, era sobre o vazio que vez ou outra toma a cabeça de quem escreve.

Mas a dificuldade que ora irei lhes revelar é outra. Não sei ao certo como interpretar a última passagem de Felipão pelo Palmeiras. E desde o início foi assim. Questionava a qualidade técnica do time mas em seguida o via vencer um time que considerava muito melhor. E quando o Palmeiras venceu a Copa do Brasil a coisa complicou de vez.

Como não exaltar um grupo que depois de tantos anos consegue voltar a colocar o clube em uma Libertadores? Seria pura teimosia minha? Acreditaria mais no discurso dos descontentes de agora se eles tivessem se pronunciado antes da queda do comandante. O insucesso também não deve servir como prova de que Felipão não é mais um cara, digamos, familiar.

Se até famílias de verdade dão errado imaginem as que nascem de pessoas com histórias e interesses dos mais variados. E tem mais, nunca considerei o futebol profissional inclinado a ter ambiente familiar. Uma confraria, ou uma turma daquelas que - de tão porretas - marcam nossas vidas pode até ser, mais do que isso...é rótulo.

Estou longe de acreditar também na teoria de que foi a falta de intimidade com a glória que tornou o Palmeiras campeão da Copa do Brasil tão vulnerável. Muitas vezes vi nesse Felipão atual um profissional sem paciência para viver certas dificuldades. Há um ditado que diz que não devemos voltar a um lugar onde fomos muito felizes. Tal ditado não nasceu do futebol, mas pelo jeito pode servi-lo.

Bom, algumas linhas depois de começar a escrever esta pretensa crônica tudo me parece mais claro. A Academia, desde o início, já não era o lugar perfeito para Felipão, como tinha sido uma vez. E por falar em técnico, gostei muito das entrevistas pós rodada dadas por Muricy e Fernandão. O primeiro por não ter pudor de dizer que o futebol anda muito chato, e o segundo por ter a coragem de dizer que teve vergonha ao ver seu time em campo.




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