sexta-feira, 13 de julho de 2012

Chegadas e partidas



Chegadas e partidas vão dando o tom do futebol brasileiro depois deste inverno ter nos brindado com um caloroso e colorido veranico. A chegada do consagrado Clarence Seedorf ao Botafogo deixa no ar a esperança de que colocamos um ponto final num tempo em que os torcedores daqui podiam sonhar apenas com craques de outras agremiações ou, quem sabe, com um ou outro patrício já muito rodado além das nossas fronteiras.

Mas não é prudente esquecer o papel do destino em tudo isso. O holandês Seedorf é casado com uma brasileira, fala português, chegou a ter um apartamento no Rio, portanto, tudo indica que essa proximidade tenha pesado mais do que a grana na hora de bater o martelo. E como o destino foi generoso com o futebol brasileiro. Mais do que suas qualidades técnicas, Seedorf tem sido reconhecido ao longo da carreira por sua formação e comportamento. E, sejamos sinceros, isso nos faz muita falta também.

Longe de ter a mesma relevância por questões que vão muito além do jogo a chegada de Forlán ao Internacional reforça a tese de que os cofres dos clubes brasileiros nunca tiveram tanto a oferecer. Alimento apenas um temor com relação a contratações desse porte. Não é de hoje que os nossos dirigentes defendem com unhas e dentes a tese de que não é possível montar um grande time sem gastar. E como uma estrela faz a roda do faturamento girar!

A chegada de Ronaldo ao Corinthians algum tempo atrás e seu sucesso dentro e fora de campo serviram de alavanca para os entusiastas desse modelo gastão. Nesse momento ninguém lembra que o Botafogo é o clube que mais deve no Brasil, trezentos e oitenta milhões de reais. O velho argumento de que o time não vai gastar nada volta a ser usado, como sempre. Difícil é acreditar que o clube irá ganhar, como poderia e deveria, se a ele pedem apenas para entrar com a marca.

No caso da chegada de Ney Franco ao São Paulo o lado menos explorado e nebuloso a meu ver é outro. Quer dizer que o presidente da CBF acha que tudo bem perder um profissional como Ney? Escutei várias versões, inclusive, a de que a competência de Ney Franco teria virado um problema para Marín. Encontro mais motivos para acreditar em uma outra possibilidade.

Há tempos se fala que Mano Menezes não é a pessoa que Marín enxerga como ideal para comandar a seleção. Logo, ao permitir que Ney Franco deixasse de ser coordenador de base para assumir o comando técnico do São Paulo o presidente da CBF, que é tricolor e todo mundo sabe, não apenas ajudou o time que lhe é caro como conseguiu criar - no mínimo - um desconforto para o diretor de seleções, Andres Sanchez, e ainda por cima enfraquecer Mano Menezes.

Talvez todos os envolvidos neguem o fato mas basta dar uma rápida pesquisada nas notícias de outubro de 2010 para se certificar de que Ney tinha sido uma indicação de Mano Menezes, aliás, uma belissíma indicação. Que Marin aos poucos vai levando o barco pra onde quer, isso me parece muito claro. Como parece evidente também que Mano fica cada vez mais dependente da medalha de ouro.

Depois de tantas chegadas, uma partida chama a atenção, a do clássico Paulo Henrique Ganso. Tão grande quanto o talento do jogador tem sido o desencontro de interesses entre ele e o Santos, entre o Santos e os representantes do atleta. E pensar que há pouco tempo quando por brincadeira alguém perguntava: Ganso ou Neymar? Não foram poucas as vezes em que ouvi optarem pelo primeiro. Diante disso tudo resta torcer pra que ele, o Santos e todos os envolvidos saibam, ao menos, onde querem chegar.



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