quarta-feira, 31 de março de 2010

Não é mentira !

Nesta quinta, 1 de Abril, o Cartão Verde terá um novo cenário.
Passa lá pra ver! É na Tv Cultura, ao vivo, às 22 horas.



segunda-feira, 29 de março de 2010

O Mestre

Não, não convivi com Armando Nogueira. Não trabalhei com ele.
Mas o ofício que escolhi me deu o prazer de entrevistá-lo e
também o prazer de hoje comandar o "Cartão Verde", programa criado e batizado por ele.
Transcrevo abaixo um post de tempos atrás que, acredito, deixará transparecer a sua importância...e a minha reverência.


quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

"Estatístico" ou "Nogueiriano" ?

Ao tomar conhecimento da eleição de Dunga como o melhor técnico de futebol do mundo pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS), imediatamente lembrei de um detalhe interessante.

Convidado a participar de uma reunião do "MEMOFUT" - um grupo que tem como único objetivo zelar pela memória do futebol - ouvi do seu Presidente, o Sr Domingos D'Angelo, que ali os participantes se dividiam em dois grupos. Um formado pelos "estatísticos", e o outro, pelos "Nogueirianos".

Os primeiros, devotos confessos dos números. Os outros, afinados com o mestre Armando Nogueira, adeptos de uma visão mais poética do jogo, pra não dizer mais humana, o que, evidentemente, soaria tendencioso.

Sem titubear me inclui entre os "Nogueirianos", claro.

Não contesto o título dado ao treinador brasileiro. Afinal, uma vez escolhido o método, a matemática se encarrega do resto.

Mas prefiro encarar essa eleição como uma boa prova de que os números, muitas vezes, brigam com a razão.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Futebol, diversão e alegria

" O jogador se diverte e não para de fazer gols". Encontrei essa frase, perdida entre muitas outras, quando lia uma matéria sobre Lionel Messi, o jogador do Barcelona. E ela me bateu como uma iluminação. Clareou um sentimento que eu já havia alimentado. Vou dizer porque. Tempos atrás, quando Ronaldinho Gaúcho vivia uma fase muito parecida com a que o jovem argentino desfruta agora, cheguei a escrever que tão impressionante quanto suas jogadas e seu talento era a alegria que ele deixava transparecer a cada lance.

Seu rosto estava cheio de sorrisos. Sei que diversão e alegria são coisas diferentes, mas não dá pra negar que tenham íntima relação. E se os talentosos acabam com o jogo porque estão alegres, ou se estão alegres porque andam acabando com o jogo, jamais saberemos. Interessa é que o biscoito esteja sempre fresquinho. É ou não é?

Sem susto - e mesmo correndo o risco de beirar a literatura de auto-ajuda - digo mais, essa teoria da diversão e da alegria é capaz de explicar também o brilho do atual time santista. Sinceramente, não consigo imaginar que exista alguém nessa terra capaz de duvidar que o segredo da meninada da Vila, além do talento, é estar imersa em imensa alegria e divertimento. Não seria assim se o nível de cobrança fosse outro. Não mesmo.

E, mandando a humildade de vez pra escanteio, afirmo que essa minha teoria tem ainda a virtude de apontar o mar de interesses, as transações milionárias e a necessidade extrema do sucesso, como os grandes vilões do jogo de bola. Vejam. Será que a ausência da alegria e do divertimento não explicam a dificuldade encontrada pelo Palmeiras, pelo São Paulo, e mais ainda pelo Corinthians?

Não há nada que neutralize mais a possibilidade de se divertir do que ter que lidar com uma cobrança colossal por um título que escapou no ano passado, por um que precisa se repetir, ou por um que nunca veio. Pra completar, há sobre as costas do elenco comandado por Mano Menezes o peso de um século que se fecha. Os mais duros dirão que Ronaldo, Roberto Carlos e seus companheiros ganham bem pra isso. Também é verdade. Como é verdade que a obrigação sempre foi um antídoto para a alegria.

Azedos de todos os cantos não darão o braço a torcer, afinal, a alegria não é o objetivo primeiro de um profissional. Mas quantas profissões nasceram de uma brincadeira? Relembre o cara da sua rua que fazia chover durante as peladas, investigue na memória se os olhos dele não tinham um brilho diferente quando miravam a bola, se não vivia de bem com a vida, sorrindo a todo instante.

Neymar, Ganso, André, mais do que a maioria, conservam parte desse sentimento que, infelizmente, se perde aos poucos. Os chatos vivem a puxar suas orelhas, eu, que achei aquela comemoração da estátua o máximo, me limito a alertar que seja no Camp Nou,em Barcelona, ou na Vila Belmiro, em Santos, nada melhor para coroar essa possibilidade da diversão e da alegria em campo do que um título.

segunda-feira, 22 de março de 2010

A quem interessar possa

Perdido nesse oceano de gols e dribles, não sei se vocês atentaram pro lance. O governador do Rio de Janeiro chorou. E não foi por nenhuma criança de rua, por nenhum dos inocentes mortos por balas perdidas, não foi por nenhuma das tantas cenas e acontecimentos cruéis que andam a castigar seu povo.

O governador chorou por causa da aprovação da emenda que altera as regras de distribuição dos royalties do petróleo em nosso país. Segundo os interessados a decisão tira do Rio sete bilhões de reais por ano. Uma vez aprovada - ainda precisa passar pelo Senado e pela sanção presidencial - os recursos sobre a exploração de petróleo e gás, incluindo a extração da cobiçada camada pré-sal, seriam distribuidos pela metade entre estados e municípios, sendo os valores estabelecidos de acordo com os percentuais da divisão dos fundos de participação, já existentes.

Interessante foi notar como o ocorrido expôs as vísceras da relação entre o Estado e o esporte. Não tardou e o governador veio a público dizer que, diante da aprovação da emenda, a Copa a e Olimpíada no Rio seriam inviabilizadas. Jogos do Campeonato Carioca de futebol fizeram até um minuto de silêncio antes das partidas no final de semana e, no Engenhão, durante o jogo entre Fluminense e América, o placar eletrônico tratou de convocar a massa para o ato público contra a medida, que seria realizado nesta quarta-feira, na famosa Candelária, no centro do Rio, e do qual não dou mais detalhes porque precisei escrever este artigo antes disso.

Mais impactante ainda foi ver a disposição do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro para entrar na briga, fazer pressão, e justamente contra o governo federal que tanto já lhe deu, e dá. Carlos Arthur Nuzman disse que a "redução da receita...deixará o estado do Rio de Janeiro sem condições de fazer as obras necessárias para os Jogos 2016...representará uma quebra de contrato".

Nosso mais alto mandatário olímpico não incluiu a Copa no discurso, mas o governador o fez, e foi longe: " As prefeituras param. O estado não terá mais recursos. Para tudo, no nosso caso para tudo".

As partes interessadas deveriam aceitar a desistência. Bastaria que a Copa chegasse para deixar claro o equívoco da atitude. Imaginem o Brasil mergulhado na festa do seu segundo mundial da história, e o Rio à margem de tudo. A cidade maravilhosa não merece um futuro assim.

O governador também fez questão de lembrar de uma antiga campanha, encampada pelo Rio, cujo lema era:"O petróleo é nosso". Bom, pelo visto agora o petróleo já tem dono, e esse papo todo me fez lembrar de uma outra campanha vista nestas terras, mas que versava sobre questões diferentes, religião entre elas, e que sugeria o "Brasil para todos". Aí eu pergunto, interessa a quem?

quinta-feira, 11 de março de 2010

Um fato do cotidiano

O assunto estava em todos os lugares. E, de repente, induzido por ele, me peguei pensando no universo de pessoas que podem dar de cara com estas minhas palavras. Gente cuja economia diária permitiu comprar um jornal, ou gente que irá encontrá-las no blog, onde humildemente costumo depositá-las. Gente com computador e com o direito comprado do acesso à internet. Gente com família, com emprego, gente com hora pra chegar e sair. Gente com direito a boa escola, informação. Gente com saneamento básico. Diversão.

Então, me perguntei: que sabemos nós da vida de Adriano? Qual de nós é verdadeiramente capaz de interpretar a trajetória desse homem criado na Vila Cruzeiro?

Pra quem não sabe, se trata de uma das áreas mais violentas do Rio de Janeiro. Um lugar acostumado a ter em suas ruas, dia a após dia, cenas de guerra civil. Sendo assim, quem entre nós poderá saber o que aquele morro significa? Quem? Quem saberá de que maneira a infância e a juventude de Adriano se misturaram às histórias daquele rincão da zona norte carioca.

Trata-se de um imperador criado em uma terra infestada de imperadores macabros. E as teorias vão surgindo, porque o morro é terra fértil pra isso. E ainda tem a bebida, sempre a bebida, e a declaração imbecil do amigo goleiro. Mas a virtude de certos pensamentos é essa mesmo, desnudar o tipo de homem que a proferiu.

Qual de nós será capaz de entender se, um dia, o rapaz - num desses rompantes - se der o direito de mandar uma banana para o futebol e decidir passar o resto de seus dias entre a gente que o viu crescer? Quem aí será capaz de imaginá-lo feliz nessa situação? É tão difícil assim entender que alguém que vem de um lugar desses se veja em conflito ao ser posto cara a cara com o avesso de tudo que viveu?

Porque é tão difícil assim imaginar que Adriano veja mais graça em um baile funk do que em festas grã-finas regadas a vinhos caros e champagne? Cru, pra ele, é um tipo de realidade. E essa, sim, sem segredos. E se ele te dissesse que encontra mais verdade e beleza na gente de cima do morro, do que nessa aqui de baixo? Você iria duvidar, não iria?

E tem mais, a preocupação com as manchetes, a repercussão, as reflexões morais, as análises de conduta, tudo isso se encaixa na nossa realidade pequeno burguesa, talvez não na dele. E nada pode ser mais injusto e preconceituoso do que julgar alguém pelos milhões que ganhou, ou jamais esquecer o lugar improvável de onde ele veio. Há certos aspectos da vida que jamais vão estar nos jornais.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Joel, Dunga e Dadá

Sou um sujeito desconfiado, minha mulher vive me dizendo. Fazer o quê? Se desconfiar não é virtude também não é pecado. Presumo que seja até um efeito colateral dessa minha profissão. Agora mesmo, no momento em que escrevo estas linhas, Joel Santana tenta explicar em um programa de televisão porque não põe o Caio pra jogar de vez.

Caio é a jovem estrela do time que ele dirige, o Botafogo do Rio. Joel, do alto de sua original simplicidade devolve a pergunta. Educado e muito incisivo, sugere:

_ Você joga carta, não joga?
_ Você tem um coringa. Você começa o jogo com o Coringa? Não, né?

Perfeito... pro jogo de cartas. Futebol é outro papo. Eu poderia acreditar na teoria do rodado e vitorioso treinador, mas desconfio, ah, se desconfio. E desconfiava quando Luxemburgo dizia que o Neymar não estava pronto. Muitos já tentaram me convencer de que ele só amadureceu agora. Nada disso, pra mim um cara que joga a bola que ele joga, um ano atrás podia muito bem já ter aprontado das suas. A única diferença, de lá pra cá, é que agora o colocaram pra cima e, ao invés de questionar seu talento, se renderam a ele.

Desconfianças à parte Joel dá um show. Elucida o futebol como poucos e tempera tudo com uma dose generosa de humanidade. Pouco depois, vejo, em outro canal, o Dunga, comandante em chefe da nossa vitoriosa seleção, explicar seus métodos. Ele deixa transparecer a segurança militar de sempre. Durante uma das respostas afirma que a imprensa não gosta quando ele resgata a história da Copa de 2006. Como assim?

Pelo que me consta não somos nós os mais incomodados com o passado. No mais, o discurso de Dunga faz muito sentido. A exigência do comprometimento, da determinação, da raça, do ambiente. Mas pra mim não tem jeito. Um sujeito como eu não resiste. Começo a desconfiar que Dunga cuidou de tudo, mas é tanta coisa, que o futebol deixou de ser prioridade. Por isso, pouco importa se a seleção que vai à África teria mais brilho de outra forma.

Importa é montar um elenco de homens vitoriosos, cuja honra não seja questionada na derrota. Como se alguma derrota fosse capaz de vencer questionamentos. Imaginem. Começo a desconfiar que o preço dessa estratégia não foi bem avaliado, porque o preço pode ser o de voltar a ser atormentado por um velho fantasma: a acusação de vencer com um futebol sem requinte.

Um sujeito desconfiado é fogo, meus amigos. Bom, aproveito o momento - já que falamos na original simplicidade do Joel - pra lembrar de outra grande figura do nosso futebol, Dadá Maravilha, que fez aniversário ontem e que eu vi dirigir, no final da carreira, o Comercial de Registro, no Vale do Ribeira, diante de uma torcida impiedosa. Desconfio que uma das muitas frases atribuídas a ele vem a calhar. "Bola, flor e mulher, só com carinho". Salve Dadá

terça-feira, 2 de março de 2010

A última exibição

Brasil x Irlanda
02/03/2010


A última partida da seleção de Dunga antes da Copa teve um primeiro tempo que eu defino como um deserto de emoções.
Pra não falar que não se viu nada antes do chute de Robinho, aos quarenta e três minutos, que provocou o gol contra marcado por Andrews,
se viu uma nada perigosa cobrança de falta de Adriano.
Já o segundo tempo deixou evidente que uma certa formação opcional soa muito mais atraente do que a original. Gostaria de acreditar que a bela troca de passes que levou ao segundo gol é "uma típica jogada do futebol brasileiro", como disse Robinho depois do jogo. O Santos, pelo jeito, foi um remédio que fez efeito.
A louvar, a fase do Maicon, a lamentar, o fato de o Brasil ter encarado um adversário incapaz de criar.